quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

domingo, 11 de dezembro de 2011

Passeio socrático - Frei Betto


por Frei Betto

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos dependurados em telefones celulares; mostravam-se preocupados, ansiosos e, na lanchonete, comiam mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, muitos demonstravam um apetite voraz. Aquilo me fez refletir: Qual dos dois modelos produz felicidade? O dos monges ou o dos executivos?

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: “Não foi à aula?” Ela respondeu: “Não; minha aula é à tarde”. Comemorei: “Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir um pouco mais”. “Não”, ela retrucou, “tenho tanta coisa de manhã...” “Que tanta coisa?”, indaguei. “Aulas de inglês, balé, pintura, piscina”, e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: “Que pena, a Daniela não disse: ‘Tenho aula de meditação!’”

A sociedade na qual vivemos constrói super-homens e supermulheres, totalmente equipados, mas muitos são emocionalmente infantilizados. Por isso as empresas consideram que, agora, mais importante que o QI (Quociente Intelectual), é a IE (Inteligência Emocional). Não adianta ser um superexecutivo se não se consegue se relacionar com as pessoas. Ora, como seria importante os currículos escolares incluírem aulas de meditação!

Uma próspera cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: “Como estava o defunto?”. “Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!” Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade, inserir-se na realidade, conhecer a realidade. Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Pode-se fazer sexo virtual pela internet: não se pega aids, não há envolvimento emocional, controla-se no mouse. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizi­nho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual, entramos na virtualidade de todos os valores, não há compromisso com o real! É muito grave esse processo de abstração da linguagem, de sentimentos: somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais.

Enquanto isso, a realidade vai por outro lado, pois somos também eticamente virtuais…
A cultura começa onde a natureza termina. Cultura é o refinamento do espírito. Televisão, no Brasil - com raras e honrosas exceções -, é um problema: a cada semana que passa, temos a sensação de que ficamos um pouco menos cultos. A palavra hoje é ‘entretenimento’; domingo, então, é o dia nacional da imbecilidade coletiva.

Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: “Se tomar este refrigerante, vestir este tênis,­ usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!” O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba­ precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

Os psicanalistas tentam descobrir o que fazer com o desejo dos seus pacientes. Colocá-los onde? Eu, que não sou da área, posso me dar o direito de apresentar uma su­gestão. Acho que só há uma saída: virar o desejo para dentro. Porque, para fora, ele não tem aonde ir! O grande desafio é virar o desejo para dentro, gostar de si mesmo, começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globocolonizador, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Se alguém vai à Europa e visita uma pequena cidade onde há uma catedral, deve procurar saber a história daquela cidade - a catedral é o sinal de que ela tem história. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dosshopping centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingos. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer de uma cadeia transnacional de sanduíches saturados de gordura…

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: “Estou apenas fazendo um passeio socrático.” Diante de seus olhares espantados, explico: “Sócrates, filósofo grego, que morreu no ano 399 antes de Cristo, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: “Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz.”

domingo, 4 de dezembro de 2011

Sobre Narcisos literalmente perdidos


Não é difícil encontrar Narcisos perdidos por aí.
Caetaneando, podemos dizer que estes sentem prazer em desprezar tudo o que não reflete sua imagem. Ao longo da vida, eles aprendem, nem que tenham de se afogar naquele lago de arrogância e prepotência que os impede de observar os próprios defeitos. E quando alguém categoricamente lhes diz com sinceridade o que acham de seus egocentrismos, eles não suportam e se revoltam.
Acho que este parágrafo pede um artigo!
Boa tarde de domingo a todos e todas!

quarta-feira, 23 de novembro de 2011

Reflexão (79) - Entre a filosofia e a fé


por Jefferson Ramalho

Por que professores de filosofia frequentemente são questionados sobre se acreditam ou não em Deus? Perguntam-me isso no ensino fundamental, no ensino médio e no ensino superior. Entre crianças, adolescentes e seminaristas com os quais tive e tenho a oportunidade de trabalhar com a área filosófica já me dirigiram esta pergunta.

Talvez, uma razão que os leva a pensar que sou ateu tenha a ver com a maneira crítica que tenho tentado tratar de temas como deus, fé e espiritualidade. Infelizmente as pessoas são ensinadas a acreditarem que essas categorias só podem ser entendidas conforme definidas no âmbito institucional da religião. No entanto, não é assim que entendo que se devam interpretar esses elementos.

Para mim, categorias como fé, divindade, espiritualidade e tantas outras merecem múltiplas definições. Não é necessariamente a forma como, por exemplo, o cristianismo as define, que está correta. Devem ser consideradas definições provenientes dos universos hindu, budista, islâmico, umbandista, candomblecista, para não citarmos todos. É essa multiplicidade que, em minha opinião, embeleza com maestria esse composto tão importante para a existência humana que denominamos religião.

Agora, que importância seria esta? Sabemos o quanto líderes religiosos se aproveitam e manipulam pessoas simples no intuito de se enriquecerem, se promoverem, se estabelecerem como referenciais de vida a fiéis e devotos. Portanto, em primeiro lugar, não são esses líderes que de fato dão sentido à experiência religiosa das pessoas, mas a espiritualidade em si que elas praticam.

Em segundo lugar, a espiritualidade muitas vezes é confundida com ingenuidade. Contudo, prefiro entender que por mais ingênua que uma devoção religiosa pareça ser, ela consegue dar ao ser humano um sentido que nada mais consegue, e isso independe dos rótulos, das marcas, dos dogmas, do livro sagrado, da maneira como se entende ser a vida após a morte, do sacerdote ou líder que comanda, da liturgia, da falta ou excesso de erudição.

Como professor de filosofia, não sou necessariamente ateu, mas entendo que até o ateísmo pode ser considerado uma espécie de experiência religiosa. Não rompi com muitas das maneiras de entender a fé, a divindade e a devoção religiosa do modo como as compreende o cristianismo, mas não sou ingênuo ao ponto de pensar que todas as outras formas de defini-las estão erradas. Sem dúvida o diálogo e o respeito à convicção e devoção do outro são muito mais saudáveis do que toda e qualquer forma de exclusivismo que, arrogante e intolerantemente costuma afirmar que somente os seus princípios de fé é que são válidos.

Não sou filósofo, nunca serei. Sou apenas um leitor e um professor de filosofia. Como é a história que corre em minhas veias, confesso a tendência historiográfica que adoto ao estudar e lecionar filosofia. Este acaba sendo o recorte predominante que normalmente faço. E quando o assunto é religião, me desprendo de toda e qualquer posição pessoal que tenho a respeito, pois sem dúvida é muito mais saudável demonstrar que o universo religioso é de fato um universo, e não um pequeno vilarejo – ou mesmo um gueto, como diz meu mestre e amigo Ronaldo Cavalcante – e por ser um universo tão infinito, seria arrogância, ingenuidade ou burrice achar que a vida humana em contato com aquilo que alguns como Rudolf Otto e Mircea Eliade chamaram de Sagrado se resume no que o cristianismo proclama como única e absoluta verdade.

quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Reflexão (78) - Meu muro de lamentações


por Jefferson Ramalho

Deve fazer algumas semanas, foi-me dito que meu blog mais parece um muro de lamentações. Com todo o coração devo reconhecer que não poderia ser feita melhor caracterização ao que pretendo sempre que escrevo e posto alguma coisa por aqui – pena que ultimamente não tem dado tempo para eu escrever tanto, pois tenho me dedicado sobremaneira às vagabundagens que me sustentam.

O fato é que depois de ter lido tantos PhDs em vagabundagem como Rubem Alves, Leonardo Boff, Aristóteles, Agostinho, Nietzsche, Kierkegaard..., não sei o porquê, mas resolvi tentar tornar-me um também. Entre estes caras há muitas diferenças e concordâncias, mas uma coisa eles tiveram em comum: foram e são verdadeiros vagabundos! Quem me dera ser um dia vagabundo como um deles! O mais interessante é que os séculos passam, mas os pensamentos que eles tiveram, certamente enquanto vagabundavam, acabaram ficando e hoje servem até para sustentar os mais medíocres absurdos.

O alemão Goethe, por exemplo, no auge da Revolução Industrial e da consolidação do capitalismo, em vez de trabalhar numa fábrica, resolveu dedicar-se à vagabundagem de escrever poemas, músicas, peças e romances. No entanto, para aqueles que não o conhecem para além de sites de busca de pensamentos e máximas, Goethe nunca parou de estudar. Era, certamente, aquele tipo de vagabundo que pensa coisas do tipo: __eu só tenho uma vida, como posso não aproveitá-la estudando, ainda que isso não me traga absolutamente nenhum retorno e eu venha morrer na miséria?

Aqueles que trabalharam nas fábricas dos séculos XVIII e XIX, fizeram parte de uma massa injustiçada, oprimida e anônima. Por outro lado, vagabundos como Goethe permaneceram lembrados e citados até hoje, século XXI, inclusive por aqueles que nunca leram sequer uma de suas linhas.

Seria pretensão demais para mim achar que estou no nível de um Goethe, de um Kierkegaard, de um Nietzsche. Oras, como pensar o desespero humano sem ler o filósofo dinamarquês? Desespero típico de um vagabundo. Um homem que por tantas instabilidades existenciais acabou por tornar-se nada menos que o pai do Existencialismo. Abandonou a noiva para dedicar a vida aos estudos e entrou em profunda depressão depois que descobriu que ela se casara com outro.

E Pedro Abelardo? Filósofo aristotélico e professor na Universidade de Paris, um vagabundo por excelência, acusado de corromper os jovens parisienses e, como se não bastasse sua fama, transou com a mulher errada e que era ao mesmo tempo a única mulher com a qual ele poderia transar. Heloíse! Resultado: foi castrado por ordem do tio da moça. Coisas desse tipo só acontecem com caras que não têm o que fazer da vida.

E Nietzshe? Louco? Pode ter sido, mas indubitavelmente o maior filósofo do século XIX. Não se pensa o ser humano, as agonias, as prepotências, os sentimentos de grandeza e de justiça própria, sem se levar em conta o que somente Nietzsche percebeu. A síndrome de super-homem tomou conta da cabeça e do coração de tantos milhões de seres que definitivamente se deixaram seduzir pelas possibilidades oferecidas por esse mundo moderno ou contemporâneo – como queiram.

Abelardo, Kierkegaard, Nietzsche, Marx, Sartre, e tantos outros não tiveram blogs para postar suas injúrias, suas blasfêmias, suas revoltas, seus rancores, seus amores, seus desesperos, suas “orações”, suas invocações, seus medos, suas (in)certezas... Mas tiveram o papel e a tinta, e, mais do que isso, tiveram tempo, como verdadeiros vagabundos que foram, e deixaram registradas todas as suas lamentações. Muitos deles, quase todos, morreram miseráveis, sem casa própria, sem emprego fixo, sem carro do ano, sem roupas novas, sem um puto no bolso. Nem por isso, deixaram de ser dignos; nem por isso, deixaram de ganhar a vida; nem por isso, foram esquecidos como meros operários injustiçados pela exploração desse mundo capitalista tão opressor como é o nosso.

Eles pensaram aquilo que quem se dedica oito, dez, doze horas ao dia aprisionado numa fábrica não consegue pensar; eles enxergaram aquilo que muitos que os julgaram e os consideraram vagabundos estão impossibilitados pelo sistema de perceberem o que ocorre um palmo à frente dos próprios narizes. E Maquiavel? Dormia o dia inteiro, quando chegava por volta das 19 horas tomava banho, vestia a melhor roupa que estivesse em seu armário naquela noite, entrava em sua biblioteca e de lá só saía às 6, 7, 8 da manhã seguinte. Um baita de um vagabundo! Lido incorretamente, se tornou referência para aqueles que viram nele um filósofo que concordava com a tirania dos reis absolutistas, mas lido corretamente foi interpretado como pai, não do maquiavelismo, mas da democracia moderna.

Eu? Um vagabundo! É assim que o professor é chamado por muitos nesse mundo fadado à industrialização da cultura, ao consumismo, à concorrência, à superação e até à auto-superação. Eu, por exemplo, não estudo para ser o melhor professor. Eu estudo porque tenho prazer em estudar. E quando entro em classe para lecionar, não entro para ensinar, entro para aprender. Só para lembrar, todos esses vagabundos que citei acima, como não poderia ser diferente, foram professores também.

Voltando ao meu muro das lamentações – ou seria muro das minhas lamentações? – devo agradecer aos mais de cem amigos e amigas que, por terem se tornado seguidores deste modesto e vagabundo espaço, disseram com isso que de vez em quando gostam de passar por aqui para ver quais são os meus lamentos, para perder tempo lendo aquilo que só se transformou em palavras porque antes se encontrava escondido na alma. Eu diria: __não apenas um muro de lamentações, mas também de lágrimas; e quem não tem razões para chorar ou para se lamentar, não é ser humano. Pode ser um fantoche, um boneco, um robô, mas com certeza não é ser humano.

Plagiando o marxista Chaplin, que diga-se de passagem foi um grande Vagabundo: não somos máquinas, somos seres humanos, embora a maioria de nós pareça preferir ser e funcionar como se fosse uma máquina.

no muro,
Jefferson

quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Há brasileiros que preferem que suas vidas sejam adestradas por enlatados estadunidenses tais como cartilhas de pessoas altamente saudáveis, livros e videozinhos com 7, 10, 12 passos para alcançar sucesso na vida...! Essa, infelizmente, é a mentalidade predominante no século XXI. Prefiro entender e acreditar que esses manuais de vida perfeita jamais poderão dar conta de toda a complexidade que compõe a alma humana.

sábado, 15 de outubro de 2011

Ensaio sobre a simplicidade que aprendi

por Jefferson Ramalho

É difícil escrever. E escrever bem é ainda mais difícil. Certa vez eu ouvia Rubem Alves dizendo – não me recordo se em palestra ou entrevista – que escrever é quase uma magia, pois é delicioso brincar com as palavras, trocá-las de lugar num texto, torná-las compreensíveis o máximo que for possível. Quando o ouvi dizendo isso, pensei: será que algum dia eu conseguirei brincar assim com as palavras? Até hoje estou me perguntando.

Todo texto tem uma motivação. Toda palavra traz intenções, emoções, sentimentos puros ou torpes, um pouco de medo ou mesmo ousadia. Às vezes, quando escrevo, tenho medo de ser mal compreendido, mas, o que fazer? A isso está sujeito todo aquele que escreve. Já quis muito falar de espiritualidade, e aqui no blog não foram poucas as vezes que desabafei, confessei, critiquei, provoquei, xinguei e até, sem que os poucos leitores soubessem, chorei.

Aqui sempre escrevi com sorriso nos lábios ou com lágrimas no rosto, com o coração saltando pela boca de tanta felicidade como também não foram poucas as vezes que eu escrevia com o coração apertado de tristeza, arrependimento, remorso, raiva, revolta e desespero.

Mas, há um detalhe que não aprendi nesses anos de tantos encontros e desencontros em minha vida. Não aprendi ser arrogante, não aprendi deixar de ser simples, não aprendi humilhar o meu próximo mesmo nos momentos que eu julgava ter conquistado alguma coisa, não aprendi ser egocêntrico, não aprendi ser ganancioso, não aprendi ser ambicioso, não aprendi a confiar em minha justiça própria, não aprendi a julgar o outro por aquilo que ele veste, usa, come, gosta, compra. Tamanha mediocridade não faz parte de meus vícios e doenças.

Aprendi com Richard Foster quando li um de seus livros há alguns anos a viver na liberdade da simplicidade. Sim, me contento com pouco, muito pouco para aqueles que costumam valorizar aquilo que enferruja, aquilo que com o tempo é consumido pelo gasto, aquilo que um dia será velharia. Contento-me com o sorriso de três pessoas: da minha companheira de todas as horas, da minha mãe e do meu pai. O sorriso e o carinho da minha esposa, o beijo e o abraço da minha mãe e o sorriso do meu pai expresso em sua alegria naquilo que ele verdadeiramente gosta e sempre gostou e não aquilo que ele artificialmente passou a gostar.

Aliás, todos nós somos sujeitos às artificialidades. Aprendemos a gostar de coisas novas e muito boas, aprendemos com retardo, mas jamais podemos desconsiderar nossas raízes de verdade. É disso que estou falando. Quando vejo as raízes dessas três pessoas que mais amo nesta vida expressas em seus próprios olhos, sinto-me realizado. Assim são todas as vezes que viajo para Minhas Gerais com minha esposa e companheira, assim são todas as vezes que desfruto da companhia de meu pai em um jogo de futebol como foi na ocasião da despedida do Estádio Palestra Itália ou num show sertanejo, assim é sempre que vejo a alegria da minha mãe quando ela está ao lado de sua família. Não preciso e não quero mais nada. Mais nada, mesmo. Se as demais coisas vierem, serão bem recebidas, se não, deixar-me-ei de ser feliz por conta disso?

Já estou realizado e satisfeito, baseado na simplicidade e na alegria de ter perto de mim as pessoas que eu amo e que me amam também. O resto, que se confine em suas inutilidades!

Faço minhas as palavras de Toquinho: “Tenho tempo só pra ser feliz.”

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

Prestação de "contas"

Colegas,

Devo prestar contas com todos que me honram com suas visitas regulares ao blog. Também devo pedir desculpas por já estar há dias sem postar nada novo.

A razão que tem me impedido de postar é nada mais nada menos que a fase final de minha dissertação de mestrado. Estou quase terminando e espero concluir em no máximo um mês e meio.

Conto com a compreensão e torcida de cada um.

Um muito obrigado e um forte abraço!

na Graça,
Jefferson

sábado, 13 de agosto de 2011

Parabéns Grande Fidel

Parabéns por seus 85 anos, uma vida dedicada à luta pela igualdade!



Confira galeria de fotos no link abaixo:

http://br.noticias.yahoo.com/fotos/os-85-anos-de-vida-de-fidel-castro-1313182641-slideshow/

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

E as crianças, como ficam?

Amigos e amigas, preocupados com a educação cristã das crianças, me escrevem sempre que posto um texto anti-igreja. É o caso, por exemplo, do meu amigo Robson, de São Bernardo do Campo.

Robson, meu amigo, permita-me transcrever seu comentário:

"É muito complicado sua forma de fé porque muitos de nós ainda precisamos da igreja para manter a fé. A questão é também fé em que de fato a igreja prega e no que vc acredita. Lhe pergunto: Vc, pelo que percebo, teve muitas experiências na igreja, mas agora teve capacidade de enxergar além das paredes doutrinárias. Como será a educação religiosa, a linha teológica, a forma, que vc dará no ensinamento dos teus filhos, quando vierem. Pois percebo que eles não terão escola dominical e nem amiguinhos da igreja. ( Claro que amigos e familias de igreja cristã geram mais confiança aos pais ). Vivo esta situação, pois concordo com vc. Ouço muita coisa nos púlpitos que sei que não passam de ¨papagaidas¨, porém penso nas crianças....."

Pois é, amigo... Isso é complexo! Não sei como farei quando meu filho chegar. Acredito em Jesus Cristo como Salvador da minha alma e espero que meu filho creia assim também. Contudo, respeitarei se ele, quando tiver consciência, optar pelo budismo, pelo espiritismo, pelo islamismo, pela umbanda, pelo candomblé, pelo catolicismo, por uma igreja evangélica ou, até mesmo, se ele optar pelo ateísmo. Será meu filho do mesmo jeito.

Antes, porém, pretendo tentar educá-lo transmitindo a ele valores humanos - religiosos ou não - e, enquanto valores religiosos, com base cristã, mas sem a obrigatoriedade da igreja. Boas amizades também existem fora desse ambiente que se gaba de perfeito e santo. Semelhantemente, nas igrejas, está cheio de gente podre. Prefiro boas amizades descrentes a más amizades evangélicas para o meu filho, um dia.

Tudo o que eu não quero é que um dia um filho meu venha passar pelas mesmas experiências ruins que passei enquanto frequentei igrejas evangélicas. Deus tem o melhor para o meu filho, e a liberdade saudável será uma delas. Acredito nisso!

na Graça,
Jefferson

terça-feira, 26 de julho de 2011

Reflexão (77) - Ainda não perdi a minha fé!


por Jefferson Ramalho

Isso mesmo! Ainda não perdi a minha fé, ainda creio, e muito! Quanto ao blog é assim, de tempo em tempo sumo, mas acabo aparecendo. Tenho me ocupado intensamente nas últimas semanas com a minha pesquisa de mestrado, pois em poucas semanas pretendo depositá-la e defendê-la em seguida.

Quanto à minha fé, os poucos que tem acompanhado este espaço ao longo desse tempo já sabem: embora pareça não a perdi. Antes, perdi a fé naquilo que frequentemente vem sendo equivocadamente associado à fé. Mas em Deus – este Ser inexplicável, indefinível, indisponível à reflexão, absolutamente misterioso – nele continuo acreditando. Assumi e assumo um ateísmo metodológico em minhas pesquisas acadêmicas para que elas não deixem de ser científicas.

Mas quando o assunto é vida, especialmente a minha, a fé permanece inabalável. Agora, não me pergunte como. Minha fé não traz um rótulo religioso, nem é exercitada dominicalmente num templo, não tem estado associada a ritos, sacrifícios, ofertas ou oferendas. Minha fé – carregada de dúvidas, diga-se de passagem – está purificada dessas coisas. Não preciso ir à igreja para ter fé, pois se eu for ela se enfraquecerá.

Prefiro, aos domingos, não ouvir uma pregação evangélica, pois esta – não sei o porquê – tem o poder de interferir muito negativamente em minha fé. Prefiro aproveitar mais da doce, agradável e insubstituível companhia de minha esposa e companheira, prefiro ouvir música, prefiro ler, prefiro assistir futebol, prefiro dormir... tudo (ou melhor, quase tudo), menos ir pra uma igreja.

Não desrespeito, não discrimino, não excluo quem o faz por sentir-se bem fazendo, não importam as razões, mas eu... prefiro ficar na minha. Cristo me libertou da igreja!

Parece um paradoxo, pois convivo com muitos que fazem parte da igreja, a maioria é composta por alunos e colegas de estudos em teologia como um dia eu fui, e vejo que a permanência na igreja para eles é algo que lhes dá sentido à vida. Confesso que acho isso belíssimo e entendo perfeitamente, pois houve um dia em que eu não conseguia me ver fora dessa realidade. Mas hoje, as coisas mudaram... mudaram muito!

Eu só não consigo entender uma coisa: como é que muitos conseguem imaginar que pelo simples fato de eu não estar mais vivendo essa realidade, minha fé, minha crença em Deus, minha devoção, tenham deixado de existir? Isso não, isso não aconteceu!

Encerro fazendo uma confissão: abandonei a religião no dia em que percebi que ela estava silenciosa e traiçoeiramente destruindo a minha fé!

na Graça,
Jefferson

sexta-feira, 15 de julho de 2011

Nova música do Chico Buarque - confira!

Conheça uma das 10 faixas do novo CD do Chico!

sábado, 9 de julho de 2011

Você que me segue por aqui, siga também meu novo blog:

http://cafeacademico.blogspot.com/

Abraços,

Jefferson

quarta-feira, 6 de julho de 2011

Acabo de postar a conclusão do texto sobre Gnosticismo!
Confira: http://cafeacademico.blogspot.com/
Abraços,
Jefferson

quarta-feira, 29 de junho de 2011

domingo, 26 de junho de 2011

Colegas que visitam este espaço,

Durante algumas semanas fiquei sem postar nada neste Blog por ter tido problemas com a minha conta, porém, agora que tudo foi resolvido, estou de volta.

Aproveito para convidar vocês a conhecerem o meu novo Blog: http://cafeacademico.blogspot.com/

Um espaço menos, aliás, nada devocional. Pretendo, na verdade, estabelecer orientações diferentes para cada blog. Este segue com a mesma linha de sempre, o novo terá uma concentração mais acadêmica! Espero que conheçam, gostem e passem a segui-lo, também!

Embora as propostas sejam distintas, um Blog irá dialogar com o outro. Será bem interessante!

Portanto, convido-lhes para conhecer os primeiros textos já postados sobre a aristocracia espiritual gnóstica na perspectiva da Nova História.

Espero que curtam!

Até logo,
Jefferson

segunda-feira, 23 de maio de 2011

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Um vídeo que mostra a professora Amanda Gurgel criticando a situação da educação no Rio Grande do Norte durante uma audiência pública na Câmara dos Deputados de seu estado fez com que a professora ganhasse admiradores por todo o país.

O vídeo que mostra a fala de Amanda teve 180 mil visualizações no YouTube desde o dia 14, quando foi postado, e seu nome ficou entre os “trending topics” do Twitter - a lista dos temas mais comentados da rede social - entre quarta e quinta-feira.

Amanda mostrou seu contracheque de R$ 930 aos deputados e enumerou algumas das dificuldades encontradas pelos professores no estado, além dos baixos salários: transporte precário, salas de aula superlotadas e até a proibição aos professores de comerem a merenda oferecida aos alunos.

A professora também criticou a secretária de Educação do RN, Betânia Ramalho. “A secretária disse que não podemos ser imediatistas, que precisamos pensar a longo prazo. Mas a minha necessidade de alimentação é imediata”, disse. “Pedimos respeito, pedimos que a senhora não vá à mídia pedindo flexibilidade, como se fôssemos responsáveis pelo caos”, afirmou, referindo-se à greve da categoria.

Com uma fala segura e firme, Amanda disse que não sentia vergonha de mostrar seu contracheque ao público presente na audiência. “Quem deveria estar constrangido são vocês”, disse, dirigindo-se aos deputados e à secretária Betânia.

Veja o depoimento da professora Amanda Gurgel:

http://www.youtube.com/watch?v=yFkt0O7lceA

fonte: www.yahoo.com.br

sexta-feira, 13 de maio de 2011

ARENA PALESTRA ITÁLIA - volta às obras

Hoje foi assinada a escritura!

As eliminações no Paulista e na Copa do Brasil já fazem parte do passado.

Agora, além da preparação da equipe para o Brasileirão, o que vale é que nosso Palestra Itália voltará às obras na próxima segunda-feira. O presidente do clube assinou nesta sexta as documentações que faltavam e na próxima segunda a Arena voltará a ser construída após alguns impasses burocráticos.

Após a vergonhosa notícia de que a Copa das Confederações não poderá ser realizada em São Paulo, em 2013, por incompetência dos responsáveis pela construção do estádio que seria construído em Itaquera - é certo que não será - recebemos essa ótima notícia da volta das obras da Arena Palestra Itália - este, SIM, será construído em tempo hábil para a Copa 2014

sábado, 30 de abril de 2011

sábado, 16 de abril de 2011

Lula ajudou a mudar o equilíbrio do mundo, avalia historiador Eric Hobsbawm


O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva "ajudou a mudar o equilíbrio do mundo ao trazer os países em desenvolvimento para o centro das coisas", opinou o historiador britânico Eric Hobsbawm, 94 anos. Ícone da historiografia marxista, ele se reuniu nesta quarta-feira (13) com Lula na residência do embaixador brasileiro em Londres, Roberto Jaguaribe. O convite foi feito pela equipe de Lula.

Autor do clássico "Era dos Extremos", Hobsbawm é considerado um dos maiores intelectuais vivos. Na saída da embaixada, ele deu uma rápida entrevista quando já estava sentado no banco de trás do carro, ao lado da mulher. Falando com dificuldade, o historiador teceu elogios ao governo Lula e disse que espera revê-lo mais vezes. O encontro durou cerca de uma hora e meia.

"Lula fez um trabalho maravilhoso não somente para o Brasil, mas também para a América do Sul." Em relação ao seu papel após o fim do seu mandato, Hobsbawm afirmou que, "claramente Lula está ciente de que entregou o cargo para um outro presidente e não pode parecer que está no caminho desse novo presidente".

"Acho que Lula deve se concentrar em diplomacia e em outras atividades ao redor mundo. Mas acho que ele espera retornar no futuro. Tem grandes esperanças para [tocar] projetos de desenvolvimento na África, [especialmente] entre a África e o Brasil. E certamente ele não será esquecido como presidente", disse.

Sobre o encontro, disse que foi uma "experiência maravilhosa", especialmente porque conhece Lula há bastante tempo. "Eu o conheci primeiro em 1992, muito tempo antes de ser presidente. Desde então, eu o admiro. E, quando ele virou presidente, minha admiração ficou quase ilimitada. Fiquei muito feliz em poder vê-lo de novo."

A respeito da presidente Dilma Rousseff, Hobsbawm afirmou que só a conhece pelo que lê nos jornais e pelo que lhe contam, mas ressalta a importância de o país ter a primeira mulher presidente.

"É extremamente importante que o Brasil tenha o primeiro presidente que nunca foi para a universidade e venha da classe trabalhadora e também seja seguido pela primeira presidente mulher. Essas duas coisas são boas. Acredito, pelo que ouço, que a presidente Dilma tem sido extremamente eficiente até agora, mas até o momento não tenho como dizer muito mais", falou.

fonte: http://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/internacional/2011/04/13/lula-ajudou-a-mudar-o-equilibrio-do-mundo-avalia-historiador-eric-hobsbawm.jhtm

terça-feira, 12 de abril de 2011

Música boa é assim! - Aproveite!



Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...(2x)

Como beber
Dessa bebida amarga
Tragar a dor
Engolir a labuta
Mesmo calada a boca
Resta o peito
Silêncio na cidade
Não se escuta
De que me vale
Ser filho da santa
Melhor seria
Ser filho da outra
Outra realidade
Menos morta
Tanta mentira
Tanta força bruta...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Como é difícil
Acordar calado
Se na calada da noite
Eu me dano
Quero lançar
Um grito desumano
Que é uma maneira
De ser escutado
Esse silêncio todo
Me atordoa
Atordoado
Eu permaneço atento
Na arquibancada
Prá a qualquer momento
Ver emergir
O monstro da lagoa...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

De muito gorda
A porca já não anda
(Cálice!)
De muito usada
A faca já não corta
Como é difícil
Pai, abrir a porta
(Cálice!)
Essa palavra
Presa na garganta
Esse pileque
Homérico no mundo
De que adianta
Ter boa vontade
Mesmo calado o peito
Resta a cuca
Dos bêbados
Do centro da cidade...

Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
Pai! Afasta de mim esse cálice
De vinho tinto de sangue...

Talvez o mundo
Não seja pequeno
(Cale-se!)
Nem seja a vida
Um fato consumado
(Cale-se!)
Quero inventar
O meu próprio pecado
(Cale-se!)
Quero morrer
Do meu próprio veneno
(Pai! Cale-se!)
Quero perder de vez
Tua cabeça
(Cale-se!)
Minha cabeça
Perder teu juízo
(Cale-se!)
Quero cheirar fumaça
De óleo diesel
(Cale-se!)
Me embriagar
Até que alguém me esqueça
(Cale-se!)

quinta-feira, 31 de março de 2011

Quem não sabe que a retórica sempre foi usada para se conquistar o poder pretendido? Quem não sabe que isso acontece tanto entre os de esquerda como entre os de direita? Democracia, liberdade e direitos humanos, ainda que se tornem elementos retóricos presentes nos discursos da maioria - inclusive no dos estadunidenses - não deixam de ser características ideais para uma sociedade que almeja a igualdade, a justiça e a paz.

domingo, 27 de março de 2011

"Chegou o momento em que o cristão precisa decidir entre expandir a instituicão e seguir Jesus de Nazaré." José Comblin disse essa frase alguns anos atrás. Falecido hoje, Comblin deixa orfã a teologia brasileira.

Luto na teologia brasileira

Hoje, dia 27, morreu no interior da Bahia, aos 88 anos um dos maiores teólogos, José Comblin. Belga, viveu no Brasil. Criou a "teologia da enxada".

Além de um erudito teólogo, Jose Comblin era um excelente sociólogo. Escreveu: Neoliberalismo - ideologia dominante; O desafio da cidade no seculo XXI.

Fonte: Twitter de @LeonardoBoff

Música boa é assim! Confira!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Caio Fábio d'Araujo Filho insulta o escritor Rubem Alves e o pastor Ricardo Gondim

por Jefferson Ramalho

Peço licença a alguns para escrever este texto e, inclusive, para citar nomes. Há poucos minutos, através de um vídeo postado no youtube, escutei o que o Caio Fábio, líder fundador do Caminho da Graça falou a respeito de um texto do Ricardo Gondim, pastor da Igreja Betesda, em São Paulo.

Primeiramente, quero deixar claro que não tenho nenhum motivo para assumir uma opinião de defesa ao pastor Ricardo, mesmo porque não tenho quaisquer razões para isso. É um dos poucos pregadores que não falam asneiras aos domingos enquanto estão pregando. Contudo, como meu problema é com a instituição religiosa, prefiro me dar o direito de não ter de ouvir dominicalmente um pregador, mesmo que este seja alguém sério e coerente como o Ricardo parece ser. Pessoalmente, não somos amigos. Falei com ele duas ou três vezes na época em que eu trabalhava na Editora Vida. Aliás, para mim o suficiente. Não sou seu admirador nem seu simpatizante. E assim continuará sendo!

Quanto ao Caio, sempre o admirei e nunca escondi o quanto suas pregações durante anos me fizeram bem. Todavia, a sua arrogância que sempre foi algo que nunca me impediu de admirá-lo e ouvi-lo, agora, depois que tomei conhecimento de suas últimas diretas ao Ricardo Gondim neste vídeo postado no youtube, me causou tamanha revolta e nojo.

Primeiramente, quem é ele para falar do Rubem Alves, insultando-o e chamando-o de bundão? Se o Rubem é bundão, o que Vossa Santidade é? Se tivesses a metade da produção e do reconhecimento que Rubem Alves tem enquanto intelectual e enquanto contribuinte para a literatura e educação do Brasil, poderias falar alguma coisa. Aqueles seus livretinhos de pregação adaptada, para não falar dos plágios, são palha podre perto das obras ricas em filosofia que Rubem Alves escreveu, além das focadas no tema “religião”. Não estou nem considerando aqui as belas produções do Rubem Alves na área da literatura infantil.

Se Rubem Alves quando esteve no Programa do Jô não quis detalhar acerca de suas concepções religiosas dizendo que a fé é coisa do seu passado, qual o problema? Ele não pode deixar de dar importância ao que para ele não tem mais nenhum valor? Antes se apostatar assumidamente da fé e nunca mais se preocupar em falar dela a se tornar um religioso supostamente crítico, mas que nas linhas e entrelinhas de sua retórica barata e ultrapassada não passa de um conservador disfarçado de mente aberta.

Caio Fábio insulta os eventos teológicos dos quais por anos participou. Por que? Porque hoje ninguém mais pagaria pra ouvi-lo, com exceção de suas eternas tietes. Quem tem o mínimo de leituras relevantes em teologia e filosofia sabe o quanto ele delas se apropria sem nunca dar a referência. Oras! Vai me dizer que Deus é quem diretamente a ele se revela? Ou ele seria tão inteligente ao ponto de descobrir sozinho tantos significados? Sua mesma retoricazinha que há muito já perdeu o encanto, apenas consegue fazer com que qualquer conversa mole de sua parte cause arrepios e gemidos em seus adeptos.

O Gondim é bundão? Por que? Qual o seu ganho em insultá-lo? É essa postura estúpida e arrogante que o senhor tem aprendido com Cristo enquanto seguidor dEle ao longo desses quase quarenta anos? És tão perfeito, senhor Caio, que para Vossa Santidade todos são falhos, menos o senhor! Você critica, por exemplo, os neopentecostais como se ninguém soubesse dos equívocos destes. Você descobriu o que ninguém tinha visto, não é? Como se não bastasse, vem encher-nos com suas já saturadas críticas aos comerciantes de Cristo dos nossos dias como Malafaia, Macedo, R.R. Soares, casal Hernandes entre outros, resolve agora soltar seus mísseis de estupidez em alguém que simplesmente crê, sem esconder que tem dúvidas.

E Vossa Santidade, só tem certezas? Que certezas? Deus já apareceu para ti? Vossa Santidade já criticou, além dos neopentecostais como os aqui citados, ao assumidamente pastor e teólogo ortodoxo sr. Augustus Nicodemus Lopes a quem sempre respeitei e admirei como pessoa apesar de não compartilhar em quase nada com as suas ideias. E agora, pra completar seu compêndio, resolve criticar um intelectual nacional e internacionalmente reconhecido como o professor Rubem Alves por tabela, já que suas agressões foram direcionadas diretamente ao Gondim. Quem será o próximo? Quem será o próximo a incomodar a sensibilidade e a inteligência intocável e imensurável de Vossa Santidade?

Se perguntarmos a crianças, adolescentes, jovens, educadores, religiosos, intelectuais de maneira geral: “Você já, pelo menos, ouviu falar em Rubem Alves?” Não tenho dúvidas de que a resposta será positiva partindo da maioria dos interrogados. Agora, se a pergunta for: “Você já, pelo menos, ouviu falar de Caio Fábio?” Tenho certeza, se forem generosos, que responderão perguntando: “Quem?” A maioria não saberá!

Quanto ao buraco em que o Gondim e tantos outros aos quais a Vossa Santidade critica irão se enfiar pouco importa. Aliás, é muito provável que não seja, por exemplo, um “buraco” do tipo em que muitos resolvem se enfiar e depois entram pelo cano. Vossa Santidade fala, por exemplo, de certo desserviço do Gondim à fé. E os seus desserviços à fé, nunca existiram? Ah... Esses, nós temos que esquecer, não é mesmo? Desculpe-me, mas o seu retorno ainda muito imperceptível para além daqueles que te cultuam é insuficiente para que seu moralismo disfarçado possa insultar o próximo. Sua prepotência não se justifica senhor Caio Fábio.

Voltando novamente às suas críticas ao escritor Rubem Alves e comparando-o contigo, eu pergunto mais uma vez: no Brasil, quem conhece Rubem Alves e quem conhece Caio Fábio? Se ele é bundão, o que Vossa Santidade é? Profeta? Messias? Mensageiro de Deus? Só se for um profeta de poucos que se pudessem fariam de tudo para sentir o fedor de seus gazes fecais.

Aliás, é desses que o senhor precisa. Eles te sustentam e te fazem dar continuidade em seu novo empreendimento que de igreja institucional tem todas as características. Vossa Santidade certamente jamais se submeteria a um trabalho, de fato, reproduzindo inclusive o que é bem comum no meio religioso, evangélico ou não. E não me venha dizer que o que fizestes até hoje enquanto líder religioso, inclusive na época de suas fundações que por sua culpa e incompetência se afundaram, possa ser chamado de trabalho. Trabalho é o que eu vi meu pai, por exemplo, praticando ao longo de sua vida, levantando diariamente às 5h para educar seus filhos, sustentar sua família e honrar sua esposa.

Um ano como responsável pela iniciativa do Caminho da Graça em Osasco, e como receptor das mensagens diárias do mailing dos mentores do Caminho – inclusive as escritas pelo próprio Caio – foi-me suficiente para ver que não tem nenhuma diferença entre seu empreendimento e as milhares de igrejinhas que existem por aí: aliás, é até pior! É a mesma tietagem, é a mesma babação, é a mesma cobrança com os mentores porque eu vi isso em muitos e-mails que Vossa Santidade recebia. Além dos que o senhor escrevia para, por exemplo, tentar convencer os mentores do Caminho de que é mais que necessário e importante se tornar assinante da Vem&Vê TV. Ou seja, é o mesmo papo de sempre! "Eu estou com a verdade! Enquanto vocês eram explorados na igreja vocês não reclamavam, agora, que vale a pena investir, vocês não investem”. Que papinho de pastor espertalhão, hein senhor Caio? Como eu recebia esses e-mails na época em que eu trabalhava na Editora Vida, não os tenho mais. Se os tivesse, os citaria aqui, com certeza.

Agora, o que Vossa Santidade diria, caso se desse o trabalho de comentar esse texto? Com certeza, se o fizesse – o que tenho certeza que não o fará, mesmo porque sua condição espiritual e messiância, quase divina, não perderá tempo com isso – diria: esse é um menino, um moleque inexperiente, que não saiu das fraldas, que não sabe o que está falando, que não sabe fazer outra coisa a não ser escrever textinho na internet etc etc etc. Ou seja, o mesmo blá blá blá, enfeitado com aquela arrogante, velha e insuportável retórica de sempre, que nunca muda, que se faz suficiente para sua permanência graças àqueles que se pudessem, como eu já disse, fariam de tudo para cheirar os seus peidos ungidos.

E é exatamente por já ter sido caiofabiano por tanto tempo – puts, que estupidez de minha parte! – é que sei do que estou falando. Há pessoas que se pudessem ......, facilmente o fariam! Ôpa! Que feio! Que baixo nível, não irmãos! Pois é! Se o Caio Fábio acha que impressiona falando “bundão”, ele não sabe as coisas que pensei a seu respeito depois que ouvi suas críticas ao Rubem Alves e ao Ricardo Gondim.

Pra encerrar, quero salientar que não tenho nada contra muitas das propostas do Caminho da Graça, mesmo porque é a que me parece mais apropriada, sobretudo, a que conheço através do meu amigo Carlos Bregantim, em São Paulo. Aliás, este sempre se mostrou um homem simples, próximo, humilde, sem arrogâncias, insultos desnecessários e infantis.

Eu? Nunca fui para Brasília, nunca tive, e agora muito menos teria interesse de gastar meu dinheiro pra ir até lá ouvir o Caio em sua igrejinha com proposta de não-igreja. Aliás, na última vez em que ele esteve em São Paulo já não fiz nenhum esforço para ir ouvi-lo. Não perdi nada! Se for pra ouvir a mesma conversa outra vez e sempre, prefiro ouvir uma boa música, ler um bom livro, tomar uma boa gelada, ficar com minha esposa, com minha família, dedicar meu tempo aos meus estudos de pós-graduação – coisa que Vossa Santidade não sabe o que é, afinal, não precisa, pois é mais que um autodidata; nasceu sabendo! - Enfim, prefiro fazer o que para mim vale a pena, conforme escrevi num texto semanas atrás (cf. Sem igreja, graças a Deus!). E aqui incluo as propostas religiosas de “não igreja” que, na minha opinião, são apenas alternativas supostamente encontradas por pessoas que no fundo, no fundo, não conseguem – ou não podem $$$$$$$$ – viver sem igreja, caso contrário teriam de fazer uma coisa que a maioria não gosta e não sabe o que é: trabalhar.

Agora, prefiro parar para não começar a xingar, rebaixando-me (não elevando-me) ao nível de Vossa Santidade senhor Caio Fábio. E que pensem o que quiserem pensar do que escrevi aqui. Não me preocupei com a estética do texto, com a sincronia das palavras, com nada disso. A propósito, talvez este tenha sido um dos poucos textos com os quais não tive essas preocupações. Simplesmente liguei meu computador e comecei a digitar. Eu escrevi apenas o que estou sentindo depois de ter ouvido toda aquela arrogância típica de quem não tem o que fazer da vida.

sempre na Graça,
Jefferson

Confira se quiser perder pouco mais de 11 min de sua vida como eu perdi.

terça-feira, 22 de março de 2011

Gozamos juntos, mas nunca fizemos amor


por Jeyson Messias Rodrigues

As instituições não sabem fazer amor. Gozam e fazem gozar, mas sem laços afetivos. E sexo casual é muito bom, mas só pra quem não confunde as coisas. Algumas instituições iniciam relações com as melhores intenções e os mais belos discursos. São formalizadas pelos mais bem intencionados líderes. Mas a longo prazo, também estas criarão vida própria e não admitirão qualquer sinal de invasão ao seu espaço.

Note-se a distância entre os ideais reformadores e sua atual prática. Os próprios princípios batistas se tornaram meramente retóricos. Qualquer dia, algum desses engravatados mobiliza uma quadrilha de ovelhas e decide, democraticamente em Assembléia, acabar com a democracia batista. Não duvide! Conforme disse Rubem Alves, os protestantes precisaram daquele discurso de liberdade de crença e expressão naquele momento, depois, o discurso se tornou inconveniente [1].

Note-se a distância entre o próprio movimento de Jesus no primeiro século e o cristianismo, a posteriori. Jesus (reformador judeu e não um cristão, como muitos pensam) nunca excluiu ninguém (nem mesmo Judas) da mesa. Lavou os pés do Outro, lhe ofereceu a outra face, tocou sua lepra. Depois de engaiolar e monopolizar o Espírito Santo, o cristianismo (mais Paulino que evangélico) restringiu a Ceia. E ao Outro, ao invés de água para os pés, ofereceu perseguição, exclusão, cruzadas, intolerância, ódio e rancor.

Não acredito mais na instituição religiosa. Não acredito mais na igreja-instituição. Mas acredito no poder do Espírito que a todos os limites e fronteiras, transcende impetuoso, maravilhoso, soberano, autônomo e belo. Acredito no poder de sua voz aos corações daqueles que nem estão no monte nem no templo. Acredito na voz do Christos reivindicando subversão à ordem tão desigual, injusta e hostil à alteridade.

Mas acho que, de tempos em tempos, alguns cristãos deixam de ser cristãos ao ouvirem e atenderem à não-cristã voz de Cristo. Voz quase silenciada pelo poder do eclesial anticristo, que pôs palavras na boca do Filho do homem, tirando e distorcendo tantas outras; que lhe dicotomizou o discurso; que lhe anglosaxonizou a cultura; que lhe negou o romance erótico, madaleno; que lhe branqueou a pele; desalcoolizou-lhe o vinho; que lhe restringiu a salvação.

Já fui católico, luterano, pentecostal e batista. Já acreditei, fui desapontado e desapontei. Desacreditei de quase tudo. A duras penas, porém, recuperei e guardei a fé. Precisei desacreditar de algumas coisas para conseguir continuar acreditando em outras. Já não quero algumas crenças, já não quero algumas práticas, já não quero algumas posturas, já não quero alguns rótulos. Já não quero mais um monte de coisas.

Diversos sociólogos contemporâneos têm falado sobre como os sujeitos modernos têm se descomprometido com as instituições religiosas: individualização da experiência religiosa, trânsito religioso, secularização, infidelidade identitária etc [2]. Mas essa é somente uma resposta tardia de uma humanidade que cansou dessa relação desigual e encontrou novo amor. O descomprometimento com a religião decorre do descomprometimento da religião. Sempre foi sexo, nada mais.

Recentemente afastado do quadro docente do Seminário Batista de Alagoas, onde lecionava História do Cristianismo, por ser considerado “muito liberal”, me satisfaço com a insatisfação institucional, afinal, eu e a instituição religiosa já gozamos juntos inúmeras vezes, mas nunca fizemos amor.

[1] ALVES, Rubem. Religião e repressão.
[2] BAUMAN, HALL, GIDDENS etc.

fonte: http://jeysonrodrigues.blogspot.com/

sábado, 12 de março de 2011

Tragédia no Japão!

Prováveis conclusões protestantes:
O deus calvinista provocou tudo!
O deus arminiano sabia, mas ñ podia fazer nada p/ impedir!
O deus relacional não sabia!

Eu pergunto: Qual é pior?

sábado, 5 de março de 2011

segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011

Reflexão (76) - A igreja não vai acabar! Mas, estou livre dela!


por Jefferson Ramalho

Não se trata, neste caso, de acreditar em utopia na expectativa de que um dia ela deixe de ser utopia. Não é o caso! Fico lendo alguns dos poucos – mas muito interessantes – comentários que postam nos textos que escrevo aqui no blog. São reações que demonstram diferentes maneiras de olhar aquilo que escrevo.

Mas me divirto – devo confessar – com aquelas reações que parecem ter sido escritas por pessoas que acreditam tanto na igreja institucional que chegam a pensar que eu tenho esperanças de que um dia ela irá acabar só porque tenho sido tão crítico a ela.

Por favor, não me ofendam! Não sou burro, nem ingênuo, nem idiota! Pelo menos nisso! A igreja institucional não vai acabar. Somente um tolo pensaria nesta possibilidade. É cômico quando alguém escreve coisas do tipo: “__Jefferson, a instituição é uma realidade e é preciso aprender a conviver com ela.” Dá vontade perguntar: “__Sério? Eu pensei que não fosse uma realidade tão concreta assim, tão pouco concretizada!” Ora bolas, sobre institucionalização da religião cristã eu tenho dedicado boas horas de leituras dos meus dias nos últimos dois anos, desde que comecei o mestrado.

A igreja institucional começou no século IV, quando aquele infeliz do Constantino resolveu por razões distintas favorecer politicamente os não mais de 5,5% de cristãos que existiam no Império Romano já em fase de decadência política e econômica. Talvez, piores que ele, foram os bispos da época – Eusébio de Cesaréia era um deles – que aceitaram a concretização daquele conchavo, daquela aliança podre e repleta de interesses, daquele procedimento que culminaria no que todos que já leram o mínimo de história da igreja medieval conhecem.

Hoje, cerca de 1700 anos depois daquele processo só ter começado, as coisas ainda não mudaram. Pelo contrário, só pioraram! E, em minha opinião, tendem a piorar ainda mais. Reconheço o fato de que muitas coisas que aconteceram em minha vida até chegar no que vivo e experimento de bom hoje começaram no período em que eu me encontrava diretamente envolvido com a igreja institucional. Mas não entendo que isso deva servir de motivo para eu me silenciar. E é simples porque penso assim. Não posso trabalhar com hipóteses daquilo que não vivi pelo simples fato de que eu não sei como seriam as coisas hoje se eu tivesse trilhado outros caminhos.

O fato é que eu vivi na igreja institucional o suficiente para hoje não querer que muita gente que eu amo não tenha que passar pelo que passei. Para isso, não vejo motivo de agredir a fé dessas pessoas, pois elas são e sempre foram sinceras. Estão lá porque entendem que aquilo lhes dá algum sentido à vida. Respeito-as, mas alimento a esperança de que tais pessoas não sejam ingênuas como fui ao acreditar que estava num lugar onde imperava a honestidade.

Assim, prefiro boxear (plagiando Nietzsche, segundo a leitura do meu amigo Erik Vicente) os que se dizem, se acham, se declaram e se consideram fortes. Na semana passada eu dizia em aula: __Observem! Os caras que mais se doem com essas pauladas que costumamos dar na instituição são aqueles vivem literalmente à custa dela. Se ela falir – o negócio, a grande fonte de renda ou, para alguns, o bico (a grana extra) – vai tudo pro ralo! Não é nenhum pouco interessante perder dinheiro em pleno século XXI. Por isso a defendem tanto. Por que mais seria?

Está claro que a defendem não porque a amam tanto assim. Aliás, eles não a amam e nem nela acreditam como um dia talvez tenham acreditado. Digo isso, sobretudo, me referindo aos liberaizinhos de plantão, os quais se tornam os mais radicais ortodoxos quando você toca no calcanhar de Aquiles deles – a grana que recebem da igreja.

Por isso eu disse na reflexão anterior intitulada “Lutando pela igreja? Qual igreja?” que esses caras precisam defender a instituição mesmo, porque se o negócio deles falir, o que farão? Alguns até possuem uma profissão e terão como se virar, mas a maioria dificilmente terá uma fonte tão rentável, pelo menos a princípio.

Disseram-me dias atrás que com esses textos comprovo que não tenho demonstrado compromisso nem preocupação com seres humanos, especialmente aqueles que frequentam igrejas e lêem os meus textos aqui no blog ou em outros blogs que graças ao Ctrl C Ctrl V o reproduzem citando ou não a fonte. Não importa! Nunca liguei pra isso. O importante é que o texto chegue aonde puder chegar. E digo: __só escrevo o que escrevo e por escrever o que tenho escrito é que estou em paz comigo mesmo com relação a ter compromissos e preocupações com outros seres humanos. Portanto, ao contrário do que me disseram, é exatamente por me preocupar com outros seres humanos que eu escrevo o que venho escrevendo no meu modesto e não tão acessado blog.

A quem está me lendo! Que Deus livre você de passar o que eu passei nas mãos dessa corja de líderes evangélicos. Foram pouquíssimos os que me abraçaram de verdade e que demonstraram honestidade a ponto de até hoje eu os considerar como amigos. Poucos, mesmo! Talvez uns 2 ou 3, não mais que isso.

E hoje, olho para trás e vejo aquele período de tanta opressão, mentiras, alienação, ingenuidade, ostentações financeiras, inseguranças disfarçadas de coragem, medo apelidado de ousadia, isolamento, brigas familiares por causa do fanatismo religioso e tantas outras coisas ruins – apesar das coisas boas que aconteceram por causa da Graça Divina e não por causa da desgraça da igreja – que entendo o fato de ter passado por tudo aquilo para hoje estar escrevendo – somente escrevendo – na esperança de que alguns pouquíssimos possam ler, pensar, refletir e, se Deus quiser, não terem de passar por experiências semelhantes as que passei.

na Graça,
Jefferson

terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

Reflexão (75) Lutando pela igreja? Qual igreja?


por Jefferson Ramalho

Lutando pela igreja? Qual igreja? A do Nazareno? Não se preocupem, amigos; Ele não precisa que ninguém lute por ela. Jesus é Homem o suficiente para defendê-la.

Ou será que estão falando das inúmeras denominações evangélicas espalhadas pelo Brasil e pelo mundo? Ah, estas muitos de vocês precisam defender, mesmo, pois são suas igrejas, não do Nazareno.

A igreja do Nazareno não tem logotipo, não tem estatuto, não é pessoa jurídica, nem possui nome fantasia. A igreja do Nazareno não possui e jamais possuirá o patrimônio que as igrejas de vocês possuem.

E querem saber? Vocês precisam defender seus patrimônios, mesmo. Vocês, de uma maneira espetacular, sem pregarem teologia da prosperidade como muitos por aí, atingiram um patamar tão elevado que a igrejinha do Nazareno jamais conseguiria.

Qual salário vocês recebem? Que carros vocês dirigem? Em quais bairros vocês moram? Quais marcas de roupas vocês vestem? Em quais escolas seus filhos estudam? Quanto vocês cobram por seus eventos biblicamente corretos?

Agora, não venham me dizer que os empreendimentos de vocês são a continuidade daquilo que o Altíssimo, através do Nazareno, iniciou há aproximadamente dois mil anos. Por favor, pra cima de mim, não!

Qual diferença seus congressos evangelística e socialmente corretos têm causado na sociedade? Os cafés que organizo e organizei nunca tiveram tal pretensão. Sempre foram encontros sem pretensões evangelísticas ou sociais. O intuito nunca passou de intelectual e o custo nunca ultrapassou os impagáveis R$ 10,00 para que todos possam tomar um bom café da manhã, custear as despesas – não os luxos eclesiasticamente corretos – dos palestrantes, e as despesas de divulgação impressa e virtual.

E vocês? Quanto vocês cobram por suas vozes preciosas e mentes brilhantes? Nada? Mas ficam emburrados quando não rola nenhuma ofertinha! Será que as suas palestras, na verdade, não são mais um “show da fé” com outro nome e estilo? Falemos a verdade: é grana ou não é grana que movimenta o negócio de vocês?

Quero deixar claro, aqui, que tem muita gente boa que se sentirá atingida injustamente ao ler mais esse desabafo. Outros, que deveriam ler e se enxergar, nem tomarão conhecimento que essas linhas foram escritas. Se souberem e lerem, dirão a si mesmos: mais uma desse Jefferson idiota! Piores serão aqueles que imediatamente se doerão pelo que estão lendo, pois são aprendizes que sonham em um dia não ter de fazer nada da vida para depender de uma igreja com a desculpinha esfarrapada de que estarão cuidando de gente!

Como já ouvi de alguns sábios de cabelos brancos: Serviu-lhe a carapuça? Então leva essa!

E aqueles puxa-sacos, bajuladores e bajuladoras de teólogos e pastores que, na necessidade de tentar garantir um futuro incerto, me chamarão mais uma vez de arrogante, frustrado e ingênuo!

A crítica que mais me chamou a atenção foi aquela que me colocou como decepcionado com a igreja institucional porque não consegui o que queria quando estive nela. Veja: isso não é crítica. É verdade! Eu queria realmente, como alguns – talvez a maioria – dos que criticaram meu texto "Sem igreja, graças a Deus!" poder um dia viver às custas de gente simples, viver pregando de igreja em igreja, dando aula de teologia e história da igreja não por profissão, mas por interesses disfarçados de vocação e devoção, e o que mais vocês quiserem listar nesta soma de tarefas exaustivas e prazerosas que tantos fazem porque realmente amam o que fazem. Oxalá fosse assim!

Será que preciso dizer que não estou generalizando? Acho que sim, porque senão alguns que faltaram – ou dormiram – às aulas de hermenêutica entenderão que estou falando de todos. Claro que não estou falando de todos! Sempre há raríssimas exceções. Raríssimas, mas há! Aqueles que, ainda assim, se sentirem agredidos, o que posso fazer por eles? Bajulá-los? Jamais! O fato de se sentirem ofendidos talvez lhes esteja respondendo que não compõem o grupo das raríssimas exceções.

Conheço um... Somente um! Este sim; não preciso mencionar seu nome! Ama a alma humana, crê num montão de coisas que duvido, mas ele crê com a alma. Tem defeitos como todo humano. Seu nome não precisa ser mencionado, pois a exemplo do Nazareno, ele não recebe glória humana. Logo, seu nome, pra quê ser mencionado? Para mim, basta que eu o conheça e o reconheça. Dignamente sustenta sua família, exercendo o ofício profissional que o Altíssimo o ajudou a alcançar. Nem por isso ele deixa de ser pastor, de ser esposo, de ser irmão, de ser amigo de gente que está sempre precisando dele. Por ironia, ele também é professor. E que professor!

Não quero ser agressivo, porque sei que não sou. Não quero aparentar incredulidade, porque creio até demais. Não quero ser mentiroso, porque não tenho sido quando escrevo. O fato é que às vezes, cá com meus botões e com minha esposa, digo o que estou pensando: no fundo, no fundo, eu acho que acredito mais em Deus e na igreja do que todos esses caras juntos. Eles não acreditam nela; eles dependem dela, é diferente!

Escrevi esses dias: “A igreja nunca lhe fará falta, você sim fará falta pra ela”. Enfatizei que essa segunda “falta” tem a ver somente com uma coisa: dinheiro, muito dinheiro. Um amigo complementou: dinheiro, trabalho escravo etc. Pois é! Eles ganham, sempre! Os outros, que sejam voluntários! Que palhaçada! Jesus Homem adoraria ver essa estupidez; e adoraria mais ainda quando soubesse que estão fazendo isso em nome dEle.

Brigaram comigo por causa do texto "Sem igreja, graças a Deus!" Ouvi e li de tudo. Não achei que fosse pra tanto! Arrogante, fracassado, mais um que se diz cansado, incrédulo, herege, cachaceiro, desviado, ingênuo, irresponsável, incoerente, frustrado etc.

Graças a Deus por essas palavras de elogio! Continuo sem igreja, e quando constato que são esses que a compõem, mais distante dela pretendo permanecer. É mil vezes melhor continuar fazendo todas aquelas coisas que listei no texto anterior, pois naquelas sim há comunidade, há unidade, há comunhão, há vida, há sinceridade, há espiritualidade, há Jesus de Nazaré sempre e presente.

Ou você é inocente ao ponto de achar que se o Mestre passasse hoje em frente à igreja que você frequenta, Ele perderia tempo entrando nela? Prefiro acreditar, com a garantia do que nos mostra a Seu respeito no evangelho, que Ele escolheria a mesa de uma boa chopperia ou até mesmo de um simples boteco... E, certamente, ele não beberia refrigerante!

Na Graça,
Jefferson

sábado, 12 de fevereiro de 2011

Sem igreja, graças a Deus!

Acredite! A igreja nunca lhe fará falta!
Vc sim, fará falta ($$$$$$$$$$$$) pra ela!

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

O que mais rolou no Twitter nessa madruga!


O que mais rolou no Twitter nessa madruga!

@paulorbs7 -Com certeza minha filha vai chamar Corinthians. Virgem pra sempre!

@lmascolo - Nem no Playstation o Corinthians pode se vingar, que não tem o Tolima... #tolima

@anarina - TOLIIIIIIIIMA MIL E UMA NOITES DE AMOR COM VOCÊ ?

@cellypereiraa - Ai, ai, ai, tá chegando a hora, o dia já vem, raiando meu bem.. tem gente que vai embora, #centenada

@X_xooxii - Corinthians na Libertadores é igual Chaves. Todo mundo sabe o final, mas vê pra dar risada. #centenada

@revistaabsurda -Corinthians é eliminado de três Libertadores seguidas e pede música no Fantástico. #toliminado #centenada

@ale_historiador- Corinthans na Libertadores, qual é o nome do filme? À espera de um milagre! hahahahaha #centenada #toliminado

@DivaStefany - Corinthians e igual a Dercy a 100 anos fazendo a gente rir! #centenada

@ZanZan_ zandoná - Mão na cabeça que vai começar.... tolimination tion ?? #Centenada

@anessavanessa - Gordo é o Ronaldo, mas quem faz jejum é o Corinthians. #centenada

@danilogentili - E aí @ClaroRonaldo , que horas começa a twitcam ?

@walternunes - Você está achando o clima tenso no Egito? Experimente ir para Itaquera amanhã. #toliminado

@dansiilva_ Daniel silva - ‘Corinthians, vem sonhar Libertadores aqui fora, vem' (Pedro Bial) #toliminado

@bruno_mariott - Em campo só duas coisas não saem do lugar: a grama e Ronaldo. #toliminado #centenada

@guilhermenovaes - Ainda bem que o Colombo não era Corinthiano, porque se fosse nunca teria conquistado a América! #toliminado

fonte: www.yahoo.com.br

Gambá - um virgem de 100 anos!

Esta e outras divertidas homenagens ao Gambá vc confere no Pavablog.

Acesse o link: http://networkedblogs.com/dPQAT

quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Timão ainda pode ganhar Libertadores 2011

Como?

no PlayStation!


fonte da imagem: http://zoacaofc.com/corinthians-pede-que-titulo-da-libertadores-ganho-no-playstation-seja-reconhecido

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Música boa é assim!

Gente,

Pra quem anda me chamando de incrédulo e arrogante, preste atenção nesta canção do Jorge Camargo para ver no que eu creio e no que eu, definitivamente, não creio mais!

Abração!

na Graça,
Jefferson

segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Eu não sei qual é pior: o calvinista que acredita ser o Dono da Verdade, ou o teísta aberto que acredita numa Verdade Sem Dono!

domingo, 30 de janeiro de 2011

Se a minha vida consegue ser um culto a Deus quando estou do "lado de fora", eu não preciso estar "dentro" de uma igreja; agora, se eu preciso estar "dentro" de uma igreja, certamente a minha vida jamais conseguiu ser um verdadeiro culto a Deus do "lado de fora".

Boa semana a todas e todos!

na Graça,
Jefferson

segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

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Te vejo lá!
Jefferson

sábado, 22 de janeiro de 2011

Reflexão (74) - Sem igreja, graças a Deus!


por Jefferson Ramalho

Entendi o que significa ser cristão no dia que resolvi não frequentar mais assiduamente nenhuma igreja. Respeito quem faz tal opção, mesmo porque já fui um deles. Mas quis a Vida que eu, talvez precocemente, percebesse que esta vida não é para mim.

Igreja, culto, reunião, comunidade, grupo alternativo, congregação... Estou cheio de tudo isso. Quando me convidam pra “pregar” ou ministrar alguma aula de teologia ou história da igreja vou com prazer, alegria e gratidão, e procuro fazer o melhor que posso. Mas, por favor, não me chame para fazer parte, nem me venha com aquela conversinha de que lá aonde você vai a coisa é diferente, o pregador é atualizado, moderninho, prega como se estivesse conversando informalmente, traz uma palavra bem diferente daquela tradicional. Não, por favor, mil vezes não!

É engraçado quando alguém me convida pra pregar ou lecionar! O fulano não resiste a tentação e faz aquela "bendita" pergunta: __de que igreja você é? Na hora, só pra deixá-lo feliz, eu dou uma resposta. Digo: __sou da igreja tal. Ou então respondo: __frequento, quando possível, o grupo tal. Mas hoje tomei uma decisão! Quando me fizerem tal pergunta, responderei pura e simplesmente a verdade: __não sou de lugar algum!

Aliás, farei questão de complementar: “__não faço parte de nenhuma igreja, comunidade, grupo ou o que quer que seja, porque entendo que ser cristão – que é o que eu sou – corresponde a não pertencer a nenhuma instituição religiosa."

Para mim, quem faz parte de uma igreja, paróquia, comunidade, grupo, encontro... não é mais ou menos cristão do que eu por causa disso.

Pra que serve a instituição religiosa? Pra várias coisas, dentre as quais:

- para sustentar seu líder, bispo, mentor, pastor, apóstolo, padre... pelo simples fato dele ter achado que Deus lhe escolheu para aquilo – há exceções, raras, mas há, pois há pastores que trabalham para colocar dinheiro dentro de casa;

- para fazer com que pessoas que conseguem reduzir sua vida com Cristo àquilo tudo, continuem praticando sua fé;

- para se afirmar como aquela que conseguiu encontrar o verdadeiro significado do Evangelho mais que qualquer outra instituição autodenominada cristã;

- para alimentar as esperanças e a fé de pessoas que ainda não perceberam que ser cristão significa ter comunhão sem ter de fazer parte de uma empresa com CNPJ, com nome fantasia de igreja;

- para manter aquela equivocada ideia de que Ceia se reduz a um ritual com um pedacinho de pão e a dois dedos de vinho – quando não é suco de uva. Ainda tem gente, inclusive, que briga por causa dessa bobagem – sendo que Ceia, de fato, era um grande banquete, mas que se tornou ritual quando não era interessante que os pobres participassem do banquete;

- para arrogantemente dizer ao ser humano o que ele pode ou não pode fazer;

- para ser, quando metida a liberalzinha, o refúgio daqueles que não mais se enquadraram num contexto muito conservador e moralista.

Cansei disso! Aos domingos à tarde quero ficar com minha família, quero ver futebol, quero ir ao cinema, quero ler um bom livro – com certeza muito melhor do que ter de me sacrificar ouvindo estes sermões deprimentes pregados por pastores tão exclusivistas e despreparados como os dos nossos dias –, quero ouvir uma música que eu goste, quero beber uma cerveja bem gelada, quero dormir e descansar suficientemente porque tenho de trabalhar na segunda-feira, quero amar minha esposa – entenda o que quiser com a palavra “amar” –, quero ir ao parque, quero ir à sorveteria, quero ouvir e contar piadas, quero fazer qualquer coisa que me seja saudável que não seja sentar a bunda numa cadeira de igreja para seguir aquele mesmíssimo ritual: cantar uns 40 minutos, colocar uma grana no envelopinho, ouvir os avisos – no meio ou no final – e ouvir uma “pregação” com a ilusão de que quem está falando por meio daquele sujeito é o Deus Criador dos Céus e da Terra.

Para mim, ser cristão é ser sem igreja, sem comunidade, sem paróquia, sem grupos, sem reuniões religiosas – ainda que com cara de grupo de cristãos desinstitucionalizados... Eu cansei dessa papagaiada! Há alguns que eu amo que ainda se encontram nessa vida de dependência, são meus amigos e sempre serão, e que se sentem bem – ainda que iludidos, na minha opinião – por deixarem de fazer tantas coisas boas que o Eterno deixou para fazermos, e preferem ir a um lugar no qual eles acreditam que Ele esteja falando com eles.

Gente! Ser cristão sem igreja, isso sim é ter liberdade em Cristo! É ter compromisso com o próximo sem ter de levantar bandeira religiosa alguma. Aliás, é entender que ser cristão não significa estar levantando uma bandeira da verdade, mas é apenas ter optado por uma dentre tantas bandeiras que se levantadas do modo certo, conseguem praticar o mesmo bem a todo e qualquer ser humano.

Para mim, se Jesus não tiver existido, a vida perde o sentido, contudo, para outros a existência histórica de Jesus não faz a menor diferença. Tal pessoa não é menos feliz que eu por causa disso. Aliás, ela até pode ter encontrado o real sentido da vida antes de mim, mesmo que nunca venha conhecer a mensagem de Jesus.

Portanto, se alguém me perguntar a partir de hoje: __Você é cristão? Eu responderei: __sim! E se então perguntar: Então de qual igreja você é? Eu responderei: __Graças a Deus, de nenhuma!

na Graça,
Jefferson

quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

Reflexão (73) - Sobre as desgraças no Rio


por Jefferson Ramalho

Mais de uma semana depois acho que já dá pra escrever alguma coisa. A tragédia – conforme vimos nos noticiários por repetidas vezes – foi a pior de todas na nossa história. Mortes, perdas de todas as ordens, destruição, um cenário assombroso. Mesmo em meio às histórias isoladas de heroísmos e sobrevivências, resgates e salvamentos, a marca da destruição, por muitas décadas, não será esquecida.

No twitter, faz alguns minutos, vi a postagem de que alguns evangélicos têm atribuído toda aquela desgraça ao pecado. Infelizmente, mas consideradas as devidas diferenças, devo reconhecer que concordo. Aquela destruição toda aconteceu por causa do pecado. Aliás, dos pecados, dos muitos pecados praticados por tantos.

Apesar da causa natural ter sido surpreendente e imbatível, há um conjunto de pecados e irresponsabilidades por detrás de tudo aquilo que não pode ser desprezado. Mas, a que pecados eu estou me referindo? Primeiro, devo ressaltar que não me refiro aos mesmos pecados que certamente os crentes do twitter estão pensando. Para mim, apesar de não gostar de carnaval por uma opção particular, pessoal, e não por razões religiosas, o Rio sem Carnaval não é o Rio. Portanto, o Carnaval carioca não é um pecado como muitos pensam, capaz neste caso de despertar a ira de Deus a fazer uma desgraça como aquela acontecer. Também não entendo a criminalidade como um pecado – apesar de ser um problema social a ser combatido – que possa ter servido de brecha espiritual (como muitos acreditam) para aquela desgraça acontecer. Enfim, não penso em nada disso!

Mas concordo que o pecado, aliás, os pecados, causaram toda aquela destruição.

Refiro-me aos pecados dessa politicazinha maldita e medíocre que governa nosso País, seja ela de bandeira vermelha ou azul, PTista ou PSDBista, haja vista o que também vem acontecendo não somente no Rio, mas em outros pontos de Minas e São Paulo entre outros Estados nesses dias de tantas chuvas e enchentes.

Refiro-me, também, ao pecado de quem é irresponsável consigo e com a sociedade, sujando as ruas e avenidas, os bueiros, as calçadas, os jardins e praças. O mito da criação na versão hebraica diz que o criador confiou ao humano a responsabilidade pelo Jardim. Contudo, o humano – sem a mínima responsabilidade – consegue simplesmente não cuidar, mas destruir cada dia mais esse Jardim.

Refiro-me a muitos líderes religiosos e suas respectivas instituições que, agora, até têm se mobilizado para enviar doações, arrecadar tudo o que é possível para enviar aos desabrigados, mas continuam mantendo suas estruturas, seus patrimônios, suas contas bancárias cheias, dependendo como sempre da Boa Vontade de gente que de fato doa o que pode para se solidarizar com aquelas vítimas. Enquanto isso, as instituições mesmo – as oficiais ou as supostamente desinstitucionalizadas – se encarregam de fazer a mediação no processo, sem, contudo enfiar a mão no próprio bolso, mas novamente e como sempre, depender de que os outros, os eternos solidários e anônimos ponham em prática sua genuína solidariedade.

É revoltante ver o modo como certas instituições religiosas, até em momentos como este, conseguem vender aquela velha e falsa imagem de solidariedade para se promoverem, sendo que os solidários, mesmo, nunca aparecem. Aliás, parafraseando o que o Mestre já dizia: quem é solidário, não precisa mostrar sua solidariedade. Basta ser solidário!

É pecado atrás de pecado. Enquanto aquela gente sofre, morre, chora, vive sem esperanças e perspectivas para o futuro, muitíssimos dos malditos deputados e vereadores que nos representam tão má e porcamente nos Congressos e Câmaras só sabem inchar suas contas bancárias - no Brasil e fora dele, com certeza – graças a esses aumentos absurdos que têm recebido recentemente.

Quando indagados se são a favor ou contra a tais aumentos, qual você acha que é a resposta deles? A mais óbvia, é claro! A mais corrupta também! Eles não trabalham. Eles não servem para nada. Ainda assim se acham merecedores do que recebem. Se há um pecado causador de tantas desgraças, estes políticos são responsáveis por boa parte dele.

Quanto a boa parte dos nossos ilustres líderes religiosos, estes... me desculpe, caro leitor! Acho que já falei demais neste blog sobre o que acho dos tais.

Queira Deus que apesar dos pecados, as desgraças não se repitam! Que em 2012 as chuvas não sejam tão cruéis, porque definitivamente os responsáveis pelas consequências – não pelas causas naturais – com certeza não farão nada para prevenir e proteger a sociedade.

Basta lembrar do que aconteceu em Angra um ano atrás... nada foi feito de lá pra cá.

Claro que em 2010 esses INCOMPETENTES não iriam fazer nada, mesmo!

Afinal, eles tinham outras coisas mais interessantes para se preocuparem.

Nossos votos!

Indignado com essa corja,
Jefferson

domingo, 16 de janeiro de 2011

Ainda dá tempo! Curso de Verão! Inscreva-se!


Inscreva-se aqui: http://www.comunidadecarisma.net/portal/escola/cursos_de_verao.asp

sábado, 15 de janeiro de 2011

História e Historiografia Cristã - em março

Grupo de Estudos Aprofundados em História da Igreja

Aqueles que estiverem interessados em participar on line das discussões, deverão escrever para cafeacademico@yahoo.com.br para obter informações.

Nossos debates serão focados em temas relacionados a História e Historiografia da Religião Cristã, com leituras previamente determinadas.

Turmas de no máximo 10 pessoas. Caso tenhamos mais interessados, podemos formar novas turmas para outros dias e/ou horários.

Os encontros - sempre on line - serão realizados todas às quintas-feiras das 20h às 22h.

Trabalharemos com o que há de mais atual no assunto, em termos de literaturas e pesquisas.

Não haverá nenhum custo!

Abraço grande,
Jefferson

quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

***** A historiografia cristã na História (parte 8)


Conclusões

Para atender a delimitação apresentada na introdução, nos propusemos a pensar nos valores do diálogo entre a filosofia e a historiografia, identificar os problemas e a continuidade do estilo deixado por Eusébio e, por fim, ensaiar uma aplicação de uma história problematizada da religião cristã quando esta se aliara ao Império Romano.

Das escolas historiográficas mencionadas entendemos que os Annales têm as propostas que melhor atenderiam às carências desta historiografia cristã de caráter apologético, que tem na História Eclesiástica de Eusébio seu primeiro e máximo modelo. A problematização da história proposta pelos Annales é um fator teórico que se colocado em prática por historiadores da igreja, demonstrará que a capacidade de interpretar o passado poderia dar início a uma nova história do cristianismo.

Conforme observamos em dado momento, a continuidade deste estilo defensivo deixado por Eusébio está bem presente nas obras de história da igreja publicadas na segunda metade do século XX, mesmo após tantos avanços na historiografia. Isso nos parece bastante grave, pois não só demonstra a preocupação do reprodutor em cristalizar supostas verdades históricas e teológicas, como também anula a capacidade que o pesquisador tem de analisar seu objeto de investigação, o passado humano, seja individual ou coletivo, e em se tratando da cristandade, mais coletivo que individual.

Podemos afirmar com segurança que no âmbito da formação intelectual, as escolas e faculdades de teologia onde a disciplina de história da igreja é obrigatória, ainda há muito a ser desenvolvido. Na ambiência católica, a partir das obras de Jean Daniélou, Henri-Irénée Marrou, Jean Delumeau, Alain Corbin entre outros, tem havido bastante abertura para uma história da igreja repensada. Porém, em seminários protestantes, salvo raras exceções, ainda prepondera a adesão a obras que repetem o estilo eusebiano.

Na aplicação propomos uma relação entre este exercício de problematizar a história e o objeto de pesquisa de mestrado com o qual estamos trabalhando. A própria idéia de que o Constantino que chegou até nós não é necessariamente um “Constantino histórico”, mas o Constantino construído por Eusébio demonstra-nos que este objetivo de problematização da história da transição vivida pela cristandade no século IV poderá ser bem sucedido com o desenvolver da pesquisa. É o que almejamos!

Há muito ainda para ser explorado, descoberto e, no sentido da nossa proposta, interpretado. Assim, consideramos que esta relação entre o exercício interpretativo e o trabalho do historiador pode contribuir sobremaneira para uma renovação de fato nos estudos de história das religiões e, no nosso caso, de história do cristianismo.

Referências bibliográficas
BRAUDEL, Fernand. “Personal testimony”. In. The Journal of Modern History, v.44, nº 4. Chicago/USA: The University of Chicago Press, December, 1972.
BRÉHIER, Émile. Histoire de La philosophie – III – XIXe – Xxe Siècles. Paris: Presses Universitaires de Frances, 1994.
DROBNER, Hubertus R. Manual de patrologia. Petrópolis, RJ: Vozes, 2003.
EUSÉBIO DE CESARÉIA. História eclesiástica; [tradução Monjas Beneditinas do Mosteiro de Maria Mãe de Cristo] – São Paulo: Paulus, 2000.
FILORAMO, Giovanni; Prandi, Carlo. As ciências das religiões. São Paulo: Paulus, 1999. (Sociologia e religião).
HOORNAERT, Eduardo. Memória do povo cristão. Petrópolis, RJ: Vozes, 1986.
INWOOD, Michael. Dicionário Hegel. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1997.
KEE, Alistair. Constantino contra Cristo – el origen de La alianza entre la Iglesia y el poder político. Barcelona: Martínez Roca, 1990.
LE GOFF, Jacques. História e memória. Lisboa, Portugal: Edições 70, 1982.
MARROU, Henri-Irénée. Sobre o conhecimento histórico. Rio de Janeiro: Zahar, 1978.
NICOLA, Ubaldo. Antologia ilustrada de filosofia – das origens à idade moderna. São Paulo: Globo, 2005.
NIETZSCHE, Friedrich. Escritos sobre história. Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2005.
REIS, José Carlos. Escola dos Annales – a inovação em História. 2. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
ROVIGHI, Sofia Vanni. História da filosofia moderna – da revolução científica a Hegel. 3. ed., São Paulo: Loyola, 2002.
SILVA, Rogério Forastieri da. História da historiografia. Bauru, SP: EDUSC, 2001. (Coleção História).
SIMON, Marcel; Benoit, André. Judaísmo e Cristianismo primitivo – de Antíoco Epifânio a Constantino. São Paulo: Pioneira / Edusp, 1987.
VEYNE, Paul. Quando nosso mundo se tornou cristão – 312-394. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.
WHITE, Hayden. Meta-história – a imaginação histórica do século XIX. São Paulo: Edusp, 2008. (Ponta; 4).