sexta-feira, 23 de maio de 2008

Para refletir - Tarde te amei
Tarde te amei, ó beleza tão antiga e tão nova!
Tarde demais eu te amei!
Eis que habitavas dentro de mim e eu te procurava do lado de fora!
Eu, disforme, lançava-me sobre as belas formas das tuas criaturas.
Estavas comigo, mas eu não estava contigo.
Retinham-me longe de ti as tuas criaturas, que não existiriam se em ti não existissem.
Tu me chamaste, e teu grito rompeu a minha surdez.
Fulguraste e brilhaste e tua luz afugentou a minha cegueira.
Espargiste tua fragrância e, respirando-a, suspirei por ti.
Tu me tocaste, e agora estou ardendo no desejo de tua paz...
Santo Agostinho


Mais informações sobre o evento e como fazer a sua inscrição:

Os participantes terão direito a: Material didático, certificado, caneta, cartão de bônus (ao acumular 5 cartões, o participante terá direito a uma inscrição gratuita) e 30% de desconto nas obras teológicas da
Editora Vida.

Local:
rua Júlio de Castilhos, 280 - Belenzinho - São Paulo.
Corra para fazer sua reserva, pois as vagas são limitadas.
Inscrições pelo telefone (11) 2618 7045 ou pelo e-mail
jefferson.ramalho@editoravida.com.br


quinta-feira, 22 de maio de 2008

Vídeo (8) - Sem a Cruz de Jesus, ninguém é salvo! - por Caio Fábio


Sem a Cruz de Jesus, ninguém é salvo; mas por causa da Cruz de Jesus, qualquer um pode ser salvo, independentemente de si mesmo. Depende apenas da vontade de Deus.

"Sem a Cruz de Jesus, ninguém é salvo!Aí você me pergunta: e aqueles que nunca ouviram falar dEla?Se alguém nunca ouviu falar dessa Cruz, e se chegar ao Céu, vai descobrir lá que chegou não foi porque foi um excelente índio, um excelente hindú ou um excelente qualquer coisa em algum lugar; mas foi porque o Criador entregou e Seu próprio Filho pra derramar o Seu sangue na Cruz do Calvário."

Trecho da reflexão do pr. Caio Fábio, em Jerusalém, no ano de 1994.

Vale a pena ver de novo!!!
Clique no link abaixo e assista:

http://br.youtube.com/watch?v=6jFTAiyjPFs

terça-feira, 20 de maio de 2008

Resposta (4) - Sobre a Reflexão (38)


pr. Nivaldo Nassiff, Graça e Paz!

É com muita simplicidade, mesmo, que tentarei escrever alguns comentários a partir do que o amado me solicitou.

Sua primeira indagação diz: Você sempre menciona, nesta sua reflexão, o Caminho com letra maiúscula. Significa que o Caminho é somente uma palavra, que ensina por onde caminhar, ou significa algo mais, como uma nova expressão da comunhão com Jesus, em nossos dias? Cristo é o caminho (ou seja, o jeito certo de se relacionar com o Pai) ou o Caminho é uma nova maneira pela qual as pessoas expressam sua fé? Cristianismo é desvio, a nova religião chamada Caminho é o certo para nossos dias? Será isso que você quer dizer?

Quando usei o termo Caminho com "C" maiúsculo, não me referi a nada que não fosse o próprio Cristo como única alternativa existente para o ser humano ser conduzido a Deus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai (ou vem, nas palavras do próprio Jesus) ao Pai, a não ser por Ele. Portanto, Caminho não se refere a uma nova religião, a uma nova igreja, a uma nova denominação, nem mesmo a uma nova expressão de comunhão com Jesus. Ele é o Caminho e não algo que conduz a Ele; e Ele enquanto Caminho, pode conduzir qualquer ser humano (cristão ou não, por exemplo, o centurião) até Deus.

Na segunda indagação, o amado diz: Mas, tenho uma outra pergunta: Nestas situações, o que você pensa seria melhor: Destruir o Cristianismo ou reformá-lo? Quero dizer: Será que a História já não tem provado que novos nomes para explicar a comunhão com o Pai, por meio da Graça exposta em Jesus, com os tais novos nomes (e às vezes, esses novos nomes de expressão da comunhão com o Pai são intensamente atrelados aos novos visionários que só enchergaram hoje o que ninguém enchergou nos últimos dois milênios), não confunde mais do que ajuda? É fato Histórico que muitos (não todos) iniciadores de uma nova visão foram pessoas que (em algum momento de sua caminhada (com c minúsculo) com Jesus dentro das tradicionais vertentes do Cristianismo) ou brigaram com a coisa instituida ou preferiram acomodar seu novo estilo (moral e ético) de vida, a uma nova expressão de sua fé; e assim, encontrando uma nova visão. Isto sempre me deixa com pulga atraz da orelha. Como você acha, amado irmão, poderíamos manter as pessoas numa singela e alegre caminhada com Jesus, sem caírmos no erro de inaugurarmos uma nova religião santa e imaculada?

Respondo: Nem destruí-lo nem reformá-lo. Penso que o Cristianismo do evangelho jamais será destruído. Já o Cristianismo ao qual chamo de desvio, pois se afastou da essência do evangelho de Cristo, este não precisa ser destruído ou reformado. Precisa, se necessário, ser abandonado. Romper com a instituição seria uma alternativa coerente, mas não a única. É possível ser cristão conforme o Cristianismo de Cristo, mesmo permanecendo na ambiência do Cristianismo ao qual chamei de desvio. Por que? Porque até na instituição cristã (católica e protestantes) estão pessoas que conheceram um evangelho corrompido e manipulado pelas lideranças eclesiásticas, e por esta razão, precisam ser re-evangelizadas, se é que assim podemos falar.

O maior campo missionário está nas igrejas evangélicas, principalmente. Pessoas que conheceram o livro, mas não conheceram a Mensagem; conheceram o nome, mas não o Nome; ouviram sobre uma suposta graça, mas não entenderam de fato o escândalo da Graça; foram alienadas a ponto de acreditarem que o culto a Deus se resume em tempo (dias de culto) e em espaço (no lugar onde a igreja tem o seu templo construído), e não entenderam que na verdade o culto a Deus é uma constante caminhada no Caminho da Graça de Deus - Jesus Cristo - e lá, na melhor das hipóteses, deveria ser um local de encontro, de comunhão entre pessoas que caminham no mesmo Caminho, uma espécie de parada, de estacionamento, de estação.

Reformar (re-formar) o cristianismo é outro absurdo. O Cristianismo do evangelho e do livro de Atos não precisa ter forma, mas precisa ter vida; não precisa ter cara, precisa ter identidade; não precisa ter rótulo, precisa ter as marcas de Jesus Cristo - como tinha Paulo; não precisa ter templo, precisa ser o templo; não precisa ter catecismos e confissões de fé à moda medieval mas com cara protestante, precisa ter o evangelho no coração e na alma.

Nas últimas observações, o senhor perguntou: E (ajude-me, por favor) quando reconhecemos (e eu reconheço) que uma pessoa pode sim, ter uma experiência genuina de salvação fora das paredes do Cristianismo, poderia também crer que uma pessoa poderia ter uma experiência genuina de salvação dentro das paredes dos Cristianismo? Pois se o centurião, no meio da idolatria ferrada, em meio à adoração de pessoas (o imperador um semi-deus inerrante), conseguiu encontrar Jesus, será que dentro das paredes do Cristianismo, Jesus conseguiria aparecer àqueles que (ignorantes, quem sabe), genuinamente acreditam e, até se esforçam por manter uma vida de comunhão com o Pai, mergulhados na Graça?

Penso que o Sacrifício do Cordeiro antes da fundação do mundo e manifesto na História cerca de dois mil anos atrás, foi suficiente para não depender da existência de uma instituição religiosa chamada cristã, mesmo que esta fosse totalmente fiel ao evangelho de Jesus Criso em toda a sua existência sem nunca se corromper, que infelizmente não foi o que aconteceu. Do quarto século para frente, foi só catástrofe atrás de catástrofe promovidas pela igreja cristã em nome de Deus e do evangelho. Mas mesmo que essa igreja nunca tivesse saído de sua simplicidade e pureza à luz da mensagm do Mestre, ainda assim seria possível Deus operar salvação em quem Ele quisesse, afinal de contas, nisto consiste Sua Soberania, não em depender da obediência, da decisão e da permissão de um indivíduo para poder salvá-lo, mas exclusivamente de Sua Graça.

Mesmo sendo ofendido, amar e dar de graça a vida eterna, ser crucificado e simplesmente dizer: Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem. Deus não depende nem da existência nem da não existência da instituição para graciosamente colocar alguém no Caminho. Preferível até, é que Ele salve fora das muralhas da religião cristã, pois esta, infelizmente, com toda a sua dogmática e sistematização da teologia e da prática de fé de um modo geral, consegue mais afastar uma pessoa do Caminho do que propriamente ajudá-la a permanecer. Por isso, chamei esse Cristianismo de desvio.

Espero ter sido claro, meu irmão!

E mais do que esperar ter sido claro, escrevo orando a Deus para que em nenhum momento minhas palavras tenham teor de soberba, arrogância e presunção como de alguém que ingenuamente pensa que consegue em um simples texto, explicar peculiaridades a respeito do Altíssimo.

Abração!

na Graça, com temor e tremor,

Jefferson

sábado, 17 de maio de 2008

Resposta (3) - Sobre a Reflexão (38)


dr. Lourenço,

Bendita seja a hora em que o senhor leu o meu modesto artigo Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio.

Mais uma vez, obrigado por tê-lo lido e perguntado se eu me referia ao Cristianismo ou à Cristandade.

Quando por e-mail lhe agradeci, o amado muito educada e gentilmente me respondeu: Não há de que. É apenas um detalhe, mas que achei importante citar. Recentemente conclui meu doutorado em que trabalhei um pouco sobre cristianismo-cristandade em Enrique Dussel e o cristianismo como alternativa vencedora dos movimentos de Jesus na abordagem de Eduardo Hoornaert.

Diante disso, passei a encarar a resposta ao seu comentário como uma verdadeira missão. Contudo, após ler Enrique Dussel, que há aproximadamente quatro anos ficara abandonado em minha prateleira e Eduardo Hoornaert, que localizei através de uma busca rápida na internet, fiquei simplesmente maravilhado. Mais do que isso, se minha leitura não estiver incorreta, percebi que o que escrevi naquele modesto artigo não foi tão absurdo assim.

Além de consultar Dussel e Hoornaert, também bati um papo com Kierkegaard, numa conversa em que somente ele falou, claro. Lembrando que sou cristão e não acredito em conversas com os mortos, mas neste caso, bem que valeria a pena a invocação a espíritos mais elevados fazer parte da crença e da prática cristãs. (Meu Deus, agora que me jogarão na fogueira, mesmo!).

Percebi que ao me referir ao Cristianismo não-bíblico, ou seja, o institucional, terreno, humano, político e corrupto, eu estava me referindo à também chamada Cristandade. Mas ao me referir ao Caminho, eu me referia ao Cristo – não a uma organização ou movimento chamado Caminho – eu me referia ao Evangelho Encarnado, ao Cristianismo Real e Bíblico, o do Novo Testamento, o do Livro de Atos, àquele que para Eduardo Hoornaert não tolera o proselitismo.

Muito pertinente as palavras de Hoornaert no seguinte comentário:

Quando procuramos saber com certo rigor científico como se originou o cristianismo, nos defrontamos com diversas explicações. Uns dizem que Jesus fundou a igreja tal qual a conhecemos hoje, e que por conseguinte São Pedro foi o primeiro papa. A igreja seria a expressão mais legítima da idéia de Jesus. Essa é a explicação católica clássica. Outros dizem que ele pregou uma mensagem subversiva que depois foi recuperada pela igreja. Os que falam assim situam normalmente o surgimento da igreja na segunda parte do século II. Essa segunda explicação começou a ser contemplada no começo do século XX por protestantes alemães, professores como Adolfo von Harnack, Ernst Troeltsch, Max Weber e outros. Eles tiveram que arcar com oposição dentro de suas igrejas, mas sua tese ganhou sempre mais adeptos e, hoje, é aceita pela maioria dos estudiosos protestantes. No campo católico a coisa foi mais difícil. Um padre francês, Alfred Loisy, fez, igualmente, no início do século que se finda, uma claríssima distinção entre evangelho e igreja. Dele é a famosa frase: ‘Cristo pregou o evangelho, mas o que veio foi a igreja’. Loisy sofreu a mais ferrenha oposição, foi humilhado, taxado de ‘modernista’ e morreu isolado de seus colegas. Se eu não estiver enganado, até hoje os candidatos ao sacerdócio católico têm que prestar o juramento anti-modernista. Não sei se já foi abolido. Mesmo assim, a tese de Loisy está sendo aos poucos assimilada nas recentes publicações católicas, e aceita como conclusão de novas e valiosas pesquisas históricas. Efetivamente, depois dos livros de Crossan, Meier, Charlesworth e outros (todos pela editora Imago) é difícil sustentar ainda que Jesus ‘fundou a igreja’.

Sobre o que li de Enrique Dussel, fiquei bastante satisfeito, especialmente ao ler palavras como estas:

A Christianitas (Cristandade) veio a identificar-se com o cristianismo. A Teologia aceitou demasiadas estruturas imperiais, sociais, culturais, lingüísticas, sexuais, como momentos essenciais do cristianismo. Dessa maneira, a grande teologia com método platônico ou neoplatônico veio a justificar a dominação política e social dos primeiros séculos da Cristandade bizantina e latina.

Por fim, eu diria que a melhor maneira de sair dessa “enrascada” seria dizer que ao chamar o Cristianismo de desvio, me referi ao Cristianismo da Cristandade e não ao Cristianismo do Evangelho de Jesus Cristo.

Para salientar essa – talvez muito ingênua – convicção, me ampararei nas citações e comentários que o historiador Justo L. Gonzalez faz de Sören Kierkegaard:

Embora Kierkegaard tenha sido aclamado como um grande filósofo e o fundador do Existencialismo moderno, ele não se viu como um filósofo, mas, ao contrário, como um cavaleiro da fé a quem fora dada a missão de tornar o Cristianismo difícil. O que ele quer dizer com isto não é que ele deseje impedir outros de se tornarem cristãos, mas, pelo contrário, que ele deseja mostrar quão ardoroso e desgastante é o Cristianismo, para desafiar grandes almas a abraçá-lo. O “Cristianismo da Cristandade” não é Cristianismo real. [...] Em um curto artigo publicado em 1854, ele atacou os ministros populares e bem-sucedidos de seu tempo, dizendo que “representar um homem que, por meio da pregação do Cristianismo alcançou e gozou em grande medida todos os bens e prazeres seculares, representa-lo como uma testemunha à verdade é tão ridículo quanto falar sobre uma mulher solteira que está cercada por sua numerosa tropa de crianças”. E em outro lugar, ele torna claro o impacto radical que o verdadeiro Cristianismo deve ter na pessoa que o abraça.

Bem, penso que seja isso.

Agradeço muito pela contribuição que o senhor me deu ao simplesmente perguntar:
Colegas, vocês estão falando de “cristianismo” ou “cristandade”?

Abraço!

na Graça,

Jefferson

Fontes consultadas:

DUSSEL, Enrique. Teologia da libertação – um panorama de seu desenvolvimento. Petrópolis, RJ: Vozes, 1997. (trecho citado: p. 17).

GONZALEZ, Justo L. Uma história do pensamento cristão – da Reforma Protestante ao século XX – vol. 3. São Paulo: Cultura Cristã, 2004. (trecho citado: p. 372).

HOORNAERT, Eduardo.
http://www.igrejanova.jor.br/hispor.htm.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

Resposta (2) - Sobre a Reflexão (38)


Querido Gederson,


Obrigado por expressar sua opinião a respeito do meu texto. Infelizmente não consigo concordar com vc. Bem que eu gostaria.

Jesus não se referia a judeus e a cristãos. Essa interpretação é muito tendenciosa. Obviamente ele se referia a não-judeus e a não-cristãos, especialmente porque a passagem mostra o centurião como maior exemplo disso. Afirmar que o centurião possuía a verdade, é ser tendencioso demais na interpretação.

Por fim, há a necessidade de se diferenciar igreja de Igreja, Cristianismo (o do Evangelho de Jesus Cristo) de Cristianismo (o da História). Este segundo, só cometeu atrocidades, e isso especialmente a partir do quarto século. Há algumas raridades nesses 2000 anos, como São Francisco de Assis, Santa Tereza d'Ávilla, John Wesley, Henri Nouwen, para citar apenas algumas das poucas coisas boas que existiram dentro da igreja nesse tempo todo. Mas Igreja mesmo, Cristianismo do Evangelho, na minha modesta e talvez mui limitada e ingênua opinião, não se limita às muralhas da religião cristã.

Cristo é o Caminho, somente Ele e nEle há Salvação, mas como Ele opera tal milagre na individualidade humana, cabe a Ele. Se não, eu pergunto: Nenhum índio que viveu no Brasil antes da chegada dos europeus "cristãos", foi salvo? Que critério Deus usaria para julgá-los e condená-los? Por isso que a Salvação é pela Graça, independentemente da ignorância humana.

Abração fraterno!

na Graça,

Jefferson

terça-feira, 13 de maio de 2008

Resposta (1) - Sobre a Reflexão (38)


pr. Luiz Sayão,


Graça e Paz!

Acho que o amado entendeu que ao usar o termo "cristianismo", minha intenção foi a de fazer referência às "instituições" denominadas cristãs. Existe uma diferença clara e óbvia entre o cristianismo do evangelho e o cristianismo da História, especialmente quando pensamos no cristianismo do quarto século em diante. Só não leva em consideração essa discrepância quem não quer ou não pode.

Infelizmente no século XVI apenas começou uma tentativa de retorno aos primórdios da mensagem de Cristo, mas no século XVII, com as confissões de fé e catecismos, "enquadradou" tudo de novo. A capacidade humana de reflexão foi para o buraco e o sacerdócio universal virou lenda.

E aí, como o irmão sabe milhões de vezes melhor do que eu que sou apenas um simples graduado em teologia - por isso não caio na inocência de me considerar teólogo - que nos séculos XVIII e XIX, tudo o que representava uma ameaça à "fé cristã" como o Iluminismo, o Evolucionismo, o Socialismo e tantas outras inovações que a filosofia, a biologia e o conhecimento de modo geral receberam, foi rechaçado.

Por que as inovações dentro da própria teologia e da hermenêutica foram também rejeitadas? O método histórico-crítico, as especificidades dos pensamentos dos teólogos liberais, as reflexões em torno da questão do Jesus Histórico?

Porque tudo isso, certamente, feria a integridade daquilo que para o "cristianismo" era fundamental.

Ops! Por falar em fundamental, chegamos no tal "fundamentalismo", que o amado citou. O que é fundamentalismo para o senhor? É simplesmente aquela reação ao Liberalismo Teológico que se tornou evidente na obra clássica "Os fundamentos" ou seria uma forma pejorativa de se referir a quem não aceita posicionamentos diferentes, que não aceita diversidade e pluralidade, enfim, que não se abre ao diálogo? Isso me leva a pensar nas intolerâncias islâmica e norte-americana, que em minha opinião são igualmente repugnantes.

Se for assim, concordo que até existam "liberais fundamentalistas". Isso é óbvio. Um liberal que não permite um conservador sequer se pronunciar, se torna igualmente fundamentalista e intolerante. Mas se o amado se refere ao Fundamentalismo clássico, que reagiu ao Liberalismo dos teólogos alemães, não posso concordar que meu modesto texto tenha sido fundamentalista, pois ao propor a aceitação de que até naquele centurião romano o Mestre encontrou fé sem que ele tivesse que se converter à mensagem do evangelho, meu texto poderia ser chamado de qualquer coisa, menos de fundamentalista. Penso que isso esteja bem claro.

Sobre a diferença entre o cristianismo do evangelho e o cristianismo institucional, ou seja, o da História, pretendo tentar comentar alguma coisa, mas na resposta à pergunta do prof. dr. Lourenço Stelio Rega, a quem muito respeito por suas contribuições à academia teológica brasileira, sobretudo, por sua obra tão conhecida e importante intitulada Noções do Grego Bíblico.

Abraços!

na Graça,

Jefferson

segunda-feira, 12 de maio de 2008

(re) ações à Reflexão (38)


Isaac Newton (1643 - 1727) estava certo!

Abaixo, algumas reações à reflexão (38) - Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio.

Logo postarei as minhas respostas. Na verdade, pretendo responder uma por dia, ainda nesta semana.

Abraços!

na Graça,

Jefferson

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Ao considerar "desviados" os que fazem parte do "cristianismo", o texto parece igualmente dogmático e fundamentalista, definindo de modo bem maniqueísta os que são do bem e os que são do mal!
Radicalismo chama radicalismo!!!
Luiz Sayão

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Caro Jeferson,
a paz de Cristo!

Você escreveu o artigo muito bem. Porém nele existem erros de interpretação e um enorme reducionismo do cristianismo.

Quando Jesus disse que "muitos viriam do oriente e do ocidente e se assentariam a mesa com Abrãao", Jesus estava se dirigindo aos judeus e se referindo a nós, que não somos judeus segundo a carne. Para eles o assentar-se a mesa de Abraão, era exclusividade dos Judeus.

Outro ponto, senão existe a necessidade objetiva de conversão para se assentar a mesa de Abraão, por que Jesus disse:

"Quem crer e for batizado será salvo, mas quem porém não crer será condenado." ?

O centurião romano não possuía somente o caminho, ele possuía também a verdade. De outro modo, não pediria a Cristo o que pediu, ele conhecia o Senhor. Não era um simples pagão e com certeza sabia das coisas que se passavam na província da Judéia.

A partir de Cristo, o pecado consiste em não crer nele, conforme-se lê:

"Convencerá o mundo a respeito do pecado, que consiste em não crer em mim."

Quanto as mazelas apresentadas do critianismo, elas são interpretações do Cristianismo e podem não corresponder a verdade no que diz respeito ao própio Cristianismo. A Igreja não pode ser julgada apenas por conceitos humanos, ela também é divina. A pena do inferno considerada hoje pela humanidade, é uma atrocidade milhões de vezes pior do que qualquer uma possível atrocidade cometida pela Igreja.

Não são todos que são Filhos de DEUS. Se fossem, não haveria a necessidade da vinda de Cristo. Fique com DEUS.

Gederson

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Colegas,

Vocês estão falando de "cristianismo" ou "cristandade"?

Lourenço Stelio Rega

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Prezado Jefferson

Graça e Paz que só podem vir dEle

Fiquei muito impressionado com seu texto, com sua reflexão.

Tenho algumas perguntas para você. Perguntas, de verdade, de coração aberto e franco. Você sabe, né; quando escrevemos algo e soltamos ao ar, ficamos expostos às muitas interpretações. Mais ou menos, como o pintor que, quando derrama na tela os seus traços magníficos, se sujeita (às vezes contra a própria vontade) à intepretação dos que diante a tela, a admiram.

Assim sendo, com muito amor e respeito, lhe peço: Ajude-me a compreendê-lo, por favor.

Você sempre menciona, nesta sua reflexão, o Caminho com letra maiúscula. Significa que o Caminho é somente uma palavra, que ensina por onde caminhar, ou significa algo mais. Como uma nova expressão da comunhão com Jesus, em nossos dias? Cristo é o caminho (ou seja, o jeito certo de se relacionar com o Pai) ou o Caminho é uma nova maneira pela qual as pessoas expressam sua fé? Cristianismo é desvio, a nova religião chamada Caminho é o certo para nossos dias? Será isso que você quer dizer?

Estou absolutamente de acordo com você, quando menciona as horríveis aberrações feitas, por líderes religiosos, em nome do Cristianismo. E, quando as pessoas acabam confundindo Jesus com Cristianismo, religião com Evangelho; desanimam de vez, achando que Jesus e o Evangelho; para nada servem. Aí a coisa fica preta mesmo, né? Mas, tenho uma outra pergunta: Nestas situações, o que você pensa seria melhor: Destruir o Cristianismo ou reformá-lo? Quero dizer: Será que a História já não tem provado que novos nomes para explicar a comunhão com o Pai, por meio da Graça exposta em Jesus, com os tais novos nomes (e às vezes, esses novos nomes de expressão da comunhão com o Pai são intensamente atrelados aos novos visionários que só enchergaram hoje o que ninguém enchergou nos últimos dois milênios), não confunde mais do que ajuda? É fato Histórico que muitos (não todos) iniciadores de uma nova visão foram pessoas que (em algum momento de sua caminhada (com c minúsculo) com Jesus dentro das tradicionais vertentes do Cristianismo) ou brigaram com a coisa instituida ou preferiram acomodar seu novo estilo (moral e ético) de vida, a uma nova expressão de sua fé; e assim, encontrando uma nova visão. Isto sempre me deixa com pulga atraz da orelha. Como você acha, amado irmão, poderíamos manter as pessoas numa singela e alegre caminhada com Jesus, sem caírmos no erro de inaugurarmos uma nova religião santa e imaculada?

E (ajude-me, por favor) quando reconhecemos (e eu reconheço) que uma pessoa pode sim, ter uma experiência genuina de salvação fora das paredes do Cristianismo, poderia também crer que uma pessoa poderia ter uma experiência genuina de salvação dentro das paredes dos Cristianismo? Pois se o centurião, no meio da idolatria ferrada, em meio à adoração de pessoas (o imperador um semi-deus inerrante), conseguiu encontrar Jesus, será que dentro das paredes do Cristianismo, Jesus conseguiria aparecer àqueles que (ignorantes, quem sabe), genuinamente acreditam e, até se esforçam por manter uma vida de comunhão com o Pai, mergulhados na Graça?

Olha, muito obrigado por repartir conosco sua profundíssima reflexão. Por gentileza, faça isso sempre.

Um grande abraço

Deus o abençoe e o proteja sempre

Pastor Nivaldo Nassiff

terça-feira, 6 de maio de 2008

Reflexão (38) - Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio


por Jefferson Ramalho

A passagem do Novo Testamento que me levou a pensar no que escrevi nesta reflexão foi aquela em que o Mestre curou o criado de um centurião romano.

O texto é fantástico como tantos outros apresentados nos evangelhos!

Mas dois versículos que sempre passam despercebidos são centrais em todo o contexto daquele momento vivido pelo Senhor Jesus.

Refiro-me aos versículos 11 e 12, nos quais Ele diz: “... muitos virão do Oriente e do Ocidente e tomarão lugares à mesa com Abraão, Isaque e Jacó no reino dos céus. Ao passo que os filhos do reino serão lançados para fora, nas trevas; ali haverá choro e ranger de dentes”.

Um fundamentalista imediatamente diria: claro, muitos virão e se assentarão à mesa com os patriarcas se se converterem a Jesus Cristo. Contudo há uma observação simples para ser feita. O Mestre não diz que muitos virão e se converterão; Ele apenas diz que muitos virão e tomarão lugares.

Mais simples ainda fica essa leitura, quando se observa com cuidado a importância do centurião nessa história. Ele é a chave de tudo e a sua fé é o ponto de partida.

É importante lembrar que o centurião não era nem judeu nem discípulo de Jesus, logo não era membro do Judaísmo, muito menos do Cristianismo que ainda nem existia. Possivelmente, aquele centurião, como todo bom e autêntico soldado romano, era adorador de vários deuses e provavelmente do imperador romano. Numa linguagem cristã, ele era pagão, numa linguagem mais coerente, ele era um religioso politeísta.

Há ainda a hipótese de que nem religioso politeísta ele era, mas apenas um homem que de judeu e de seguidor de Jesus não tinha nada.

Uma segunda observação: ele não se torna cristão após a cura de seu criado. O texto nem relata isso, pois se ele tivesse se convertido, certamente estaria relatado. Mas não, ele permanece na condição (a) religiosa em que se encontrava quando foi procurar ao Mestre.

Portanto, o que um texto deste, se lido a olho nu, sem as lentes da religião cristã, sem os óculos da teologia sistemática ortodoxa e sem os pré-conceitos do fundamentalismo, poderá significar a não ser que Jesus Cristo é o Caminho, a religião – e aqui entra o Cristianismo também – o desvio, e a Graça o meio através do qual Deus salva o ser humano, seja ele alguém que se converterá em algum momento ao Evangelho ou não?

Neste sentido, não dá mais para afirmar que um ser humano que passa a sua vida inteira sem freqüentar uma “igreja de crentes”, irá para o inferno só porque não teve tal experiência. Graças a Deus, em muitos casos, pois há pessoas que quando resolvem freqüentar uma denominação evangélica se tornam loucas, manipuladas, bitoladas, cegas espiritualmente, enganadas, alienadas, bestializadas, e tudo o que for possível entrar nesta lista, menos alguém que de fato conheceu e compreendeu o Evangelho da Graça.

Com isso, quando muitos se convertem às “igrejas de crentes”, acreditam que estão no Caminho, quando na verdade estão no desvio. Têm uma facilidade enorme para apontar quem vai e quem não vai para o Céu, contudo, não se percebem como pessoas que carecem da Graça de Deus ainda mais, pelo simples fato de serem pessoas que não sabem fazer outra coisa, a não ser julgar o próximo.

Nisto creio e afirmo com todas as letras: Cristo é o Caminho, pois é capaz de salvar e ver fé genuína em um centurião romano, adorador de deuses estranhos, pagão e adorador do imperador, mas o Cristianismo é o desvio, pois consegue maquiar-se com as belezas sublimes do Evangelho, mas vive uma religião semelhante à dos fariseus dos tempos de Jesus, que eram zelosos e ortodoxos no que se refere à obediência ao texto, mas cegos na prática, sobretudo, por julgarem com facilidade, seres humanos que eram tão imperfeitos quanto eles.

Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio, pois este pratica as maiores e mais terríveis atrocidades em nome de Deus; Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio, pois este ensina as pessoas, a ingênua e inocentemente negociarem com Deus a fim de conseguirem prosperidade financeira, como se Ele tivesse interesse em enriquecer materialmente os seus filhos; Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio, pois burra e admiravelmente se tornou a religião que menos entendeu os ensinamentos de seu próprio fundador – se é que Jesus foi o fundador desse negócio – ; Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio, pois consegue levar as pessoas a acreditarem que os não-cristãos irão para o inferno só porque não se tornaram cristãos, como se Deus só pudesse salvar pessoas por meio de experiências religiosas dentro das “paredes” da religião cristã; Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio, pois este em vez de tornar a caminhada cristã uma caminhada de liberdade e descanso, torna-a ainda mais penosa, turbulenta, repleta de regras e cargas a serem carregadas; Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio, pois em vez de manter as pessoas que acreditam estarem servindo ao Jesus apresentado nos evangelhos, consegue desviá-las a qualquer outro caminho que não é o Caminho da Graça de Deus em Cristo.

Cristo é o Caminho, o Cristianismo é o desvio, por tantos outros e infindáveis motivos! Cabe agora a criatividade de cada um para continuar nesta reflexão, se é que para enxergar as discrepâncias existentes entre Cristo e o Cristianismo, seja uma tarefa que exija muita criatividade. Penso que não.

na Graça,

Jefferson