sexta-feira, 11 de abril de 2008

Leia comigo (12) - Teologia sistemática no horizonte pós-moderno


Caros amigos,

Finalmente, abaixo seguem os últimos fragmentos que selecionei do 3º capítulo do livro do professor Alessandro Rocha, entre as páginas 140 e 165.

O próximo livro que vamos tentar ler juntos, é o Celebração da disciplina, de Richard Foster.

Uma edição comemorativa dos 30 anos de aniversário da obra.

Vale a pena!

Boa leitura!

"A reabilitação da mediação cultural corresponde à necessidade de rompimento com os mecanismos de controle do discurso teológico, tão presentes na sistemática manualista, sobretudo, com aquele identificado como sedução da continuidade histórica." (p. 143)

"Reistoricizar é permitir (se é que essa tarefa cabe a alguém) que o outro seja o outro. E isso não se dá na tentativa de provocar a unidade a todo custo (sobretudo pelo caminho da harmonização e da univocização), mas antes em ressaltar, ou melhor, em possibilitar a visibilidade das diferenças." (p. 146)

"É preciso abrir mão de teorias gerais, de tentativas de dizer tudo sobre o todo. Não é na explicação do todo que o discurso teológico encontrará sua relevância, mas na auscultação detida das partes. Se a teologia chegar a sistematizar o todo (tarefa sempre suscetível à manipulação e arrogância), deverá ser em função da soma das falas de suas partes. Em suma, é preciso renunciar ao encanto pretensioso do controle de um saber universalizável. Isso demanda uma desestabilização metodológica, uma desconstrução de paradigma." (p. 149)

"Nesse sentido, a perspectiva metodológica aqui esboçada, que assume o protagonismo dos saberes locais, das mediações culturais das comunidades de fé situadas, deverá trilhar o caminho de distanciamento das teorias que partem de princípios universais, estáveis e absolutos. É abandonar os mapas-múndi, continentais para escrever outros, a lápis e em papel de pão, mais modestos, menos detalhados e, sobretudo, mais delimitados." (p. 150)

"Investigar 'do ponto de vista do nativo', em sua radical compreensão epistemológica, consiste em perceber a pluralidade discursiva como resultado da multiplicidade dos locais culturais." (p. 157)

"Em suma, o método proposto não garante nenhum postulado teológico, nenhuma definição quanto aos temas da fé, nenhum esquema apriorístico ou axiomático, mas somente ferramentas que permitam à própria comunidade de fé falar sobre suas experiências, sem ter de se dobrar a normas normatizantes nem a definições teológicas (preconcebidas em algum momento histórico-cultural) pretensiosamente afirmadas como universais." (165)