quinta-feira, 31 de março de 2011

Quem não sabe que a retórica sempre foi usada para se conquistar o poder pretendido? Quem não sabe que isso acontece tanto entre os de esquerda como entre os de direita? Democracia, liberdade e direitos humanos, ainda que se tornem elementos retóricos presentes nos discursos da maioria - inclusive no dos estadunidenses - não deixam de ser características ideais para uma sociedade que almeja a igualdade, a justiça e a paz.

domingo, 27 de março de 2011

"Chegou o momento em que o cristão precisa decidir entre expandir a instituicão e seguir Jesus de Nazaré." José Comblin disse essa frase alguns anos atrás. Falecido hoje, Comblin deixa orfã a teologia brasileira.

Luto na teologia brasileira

Hoje, dia 27, morreu no interior da Bahia, aos 88 anos um dos maiores teólogos, José Comblin. Belga, viveu no Brasil. Criou a "teologia da enxada".

Além de um erudito teólogo, Jose Comblin era um excelente sociólogo. Escreveu: Neoliberalismo - ideologia dominante; O desafio da cidade no seculo XXI.

Fonte: Twitter de @LeonardoBoff

Música boa é assim! Confira!

sexta-feira, 25 de março de 2011

Caio Fábio d'Araujo Filho insulta o escritor Rubem Alves e o pastor Ricardo Gondim

por Jefferson Ramalho

Peço licença a alguns para escrever este texto e, inclusive, para citar nomes. Há poucos minutos, através de um vídeo postado no youtube, escutei o que o Caio Fábio, líder fundador do Caminho da Graça falou a respeito de um texto do Ricardo Gondim, pastor da Igreja Betesda, em São Paulo.

Primeiramente, quero deixar claro que não tenho nenhum motivo para assumir uma opinião de defesa ao pastor Ricardo, mesmo porque não tenho quaisquer razões para isso. É um dos poucos pregadores que não falam asneiras aos domingos enquanto estão pregando. Contudo, como meu problema é com a instituição religiosa, prefiro me dar o direito de não ter de ouvir dominicalmente um pregador, mesmo que este seja alguém sério e coerente como o Ricardo parece ser. Pessoalmente, não somos amigos. Falei com ele duas ou três vezes na época em que eu trabalhava na Editora Vida. Aliás, para mim o suficiente. Não sou seu admirador nem seu simpatizante. E assim continuará sendo!

Quanto ao Caio, sempre o admirei e nunca escondi o quanto suas pregações durante anos me fizeram bem. Todavia, a sua arrogância que sempre foi algo que nunca me impediu de admirá-lo e ouvi-lo, agora, depois que tomei conhecimento de suas últimas diretas ao Ricardo Gondim neste vídeo postado no youtube, me causou tamanha revolta e nojo.

Primeiramente, quem é ele para falar do Rubem Alves, insultando-o e chamando-o de bundão? Se o Rubem é bundão, o que Vossa Santidade é? Se tivesses a metade da produção e do reconhecimento que Rubem Alves tem enquanto intelectual e enquanto contribuinte para a literatura e educação do Brasil, poderias falar alguma coisa. Aqueles seus livretinhos de pregação adaptada, para não falar dos plágios, são palha podre perto das obras ricas em filosofia que Rubem Alves escreveu, além das focadas no tema “religião”. Não estou nem considerando aqui as belas produções do Rubem Alves na área da literatura infantil.

Se Rubem Alves quando esteve no Programa do Jô não quis detalhar acerca de suas concepções religiosas dizendo que a fé é coisa do seu passado, qual o problema? Ele não pode deixar de dar importância ao que para ele não tem mais nenhum valor? Antes se apostatar assumidamente da fé e nunca mais se preocupar em falar dela a se tornar um religioso supostamente crítico, mas que nas linhas e entrelinhas de sua retórica barata e ultrapassada não passa de um conservador disfarçado de mente aberta.

Caio Fábio insulta os eventos teológicos dos quais por anos participou. Por que? Porque hoje ninguém mais pagaria pra ouvi-lo, com exceção de suas eternas tietes. Quem tem o mínimo de leituras relevantes em teologia e filosofia sabe o quanto ele delas se apropria sem nunca dar a referência. Oras! Vai me dizer que Deus é quem diretamente a ele se revela? Ou ele seria tão inteligente ao ponto de descobrir sozinho tantos significados? Sua mesma retoricazinha que há muito já perdeu o encanto, apenas consegue fazer com que qualquer conversa mole de sua parte cause arrepios e gemidos em seus adeptos.

O Gondim é bundão? Por que? Qual o seu ganho em insultá-lo? É essa postura estúpida e arrogante que o senhor tem aprendido com Cristo enquanto seguidor dEle ao longo desses quase quarenta anos? És tão perfeito, senhor Caio, que para Vossa Santidade todos são falhos, menos o senhor! Você critica, por exemplo, os neopentecostais como se ninguém soubesse dos equívocos destes. Você descobriu o que ninguém tinha visto, não é? Como se não bastasse, vem encher-nos com suas já saturadas críticas aos comerciantes de Cristo dos nossos dias como Malafaia, Macedo, R.R. Soares, casal Hernandes entre outros, resolve agora soltar seus mísseis de estupidez em alguém que simplesmente crê, sem esconder que tem dúvidas.

E Vossa Santidade, só tem certezas? Que certezas? Deus já apareceu para ti? Vossa Santidade já criticou, além dos neopentecostais como os aqui citados, ao assumidamente pastor e teólogo ortodoxo sr. Augustus Nicodemus Lopes a quem sempre respeitei e admirei como pessoa apesar de não compartilhar em quase nada com as suas ideias. E agora, pra completar seu compêndio, resolve criticar um intelectual nacional e internacionalmente reconhecido como o professor Rubem Alves por tabela, já que suas agressões foram direcionadas diretamente ao Gondim. Quem será o próximo? Quem será o próximo a incomodar a sensibilidade e a inteligência intocável e imensurável de Vossa Santidade?

Se perguntarmos a crianças, adolescentes, jovens, educadores, religiosos, intelectuais de maneira geral: “Você já, pelo menos, ouviu falar em Rubem Alves?” Não tenho dúvidas de que a resposta será positiva partindo da maioria dos interrogados. Agora, se a pergunta for: “Você já, pelo menos, ouviu falar de Caio Fábio?” Tenho certeza, se forem generosos, que responderão perguntando: “Quem?” A maioria não saberá!

Quanto ao buraco em que o Gondim e tantos outros aos quais a Vossa Santidade critica irão se enfiar pouco importa. Aliás, é muito provável que não seja, por exemplo, um “buraco” do tipo em que muitos resolvem se enfiar e depois entram pelo cano. Vossa Santidade fala, por exemplo, de certo desserviço do Gondim à fé. E os seus desserviços à fé, nunca existiram? Ah... Esses, nós temos que esquecer, não é mesmo? Desculpe-me, mas o seu retorno ainda muito imperceptível para além daqueles que te cultuam é insuficiente para que seu moralismo disfarçado possa insultar o próximo. Sua prepotência não se justifica senhor Caio Fábio.

Voltando novamente às suas críticas ao escritor Rubem Alves e comparando-o contigo, eu pergunto mais uma vez: no Brasil, quem conhece Rubem Alves e quem conhece Caio Fábio? Se ele é bundão, o que Vossa Santidade é? Profeta? Messias? Mensageiro de Deus? Só se for um profeta de poucos que se pudessem fariam de tudo para sentir o fedor de seus gazes fecais.

Aliás, é desses que o senhor precisa. Eles te sustentam e te fazem dar continuidade em seu novo empreendimento que de igreja institucional tem todas as características. Vossa Santidade certamente jamais se submeteria a um trabalho, de fato, reproduzindo inclusive o que é bem comum no meio religioso, evangélico ou não. E não me venha dizer que o que fizestes até hoje enquanto líder religioso, inclusive na época de suas fundações que por sua culpa e incompetência se afundaram, possa ser chamado de trabalho. Trabalho é o que eu vi meu pai, por exemplo, praticando ao longo de sua vida, levantando diariamente às 5h para educar seus filhos, sustentar sua família e honrar sua esposa.

Um ano como responsável pela iniciativa do Caminho da Graça em Osasco, e como receptor das mensagens diárias do mailing dos mentores do Caminho – inclusive as escritas pelo próprio Caio – foi-me suficiente para ver que não tem nenhuma diferença entre seu empreendimento e as milhares de igrejinhas que existem por aí: aliás, é até pior! É a mesma tietagem, é a mesma babação, é a mesma cobrança com os mentores porque eu vi isso em muitos e-mails que Vossa Santidade recebia. Além dos que o senhor escrevia para, por exemplo, tentar convencer os mentores do Caminho de que é mais que necessário e importante se tornar assinante da Vem&Vê TV. Ou seja, é o mesmo papo de sempre! "Eu estou com a verdade! Enquanto vocês eram explorados na igreja vocês não reclamavam, agora, que vale a pena investir, vocês não investem”. Que papinho de pastor espertalhão, hein senhor Caio? Como eu recebia esses e-mails na época em que eu trabalhava na Editora Vida, não os tenho mais. Se os tivesse, os citaria aqui, com certeza.

Agora, o que Vossa Santidade diria, caso se desse o trabalho de comentar esse texto? Com certeza, se o fizesse – o que tenho certeza que não o fará, mesmo porque sua condição espiritual e messiância, quase divina, não perderá tempo com isso – diria: esse é um menino, um moleque inexperiente, que não saiu das fraldas, que não sabe o que está falando, que não sabe fazer outra coisa a não ser escrever textinho na internet etc etc etc. Ou seja, o mesmo blá blá blá, enfeitado com aquela arrogante, velha e insuportável retórica de sempre, que nunca muda, que se faz suficiente para sua permanência graças àqueles que se pudessem, como eu já disse, fariam de tudo para cheirar os seus peidos ungidos.

E é exatamente por já ter sido caiofabiano por tanto tempo – puts, que estupidez de minha parte! – é que sei do que estou falando. Há pessoas que se pudessem ......, facilmente o fariam! Ôpa! Que feio! Que baixo nível, não irmãos! Pois é! Se o Caio Fábio acha que impressiona falando “bundão”, ele não sabe as coisas que pensei a seu respeito depois que ouvi suas críticas ao Rubem Alves e ao Ricardo Gondim.

Pra encerrar, quero salientar que não tenho nada contra muitas das propostas do Caminho da Graça, mesmo porque é a que me parece mais apropriada, sobretudo, a que conheço através do meu amigo Carlos Bregantim, em São Paulo. Aliás, este sempre se mostrou um homem simples, próximo, humilde, sem arrogâncias, insultos desnecessários e infantis.

Eu? Nunca fui para Brasília, nunca tive, e agora muito menos teria interesse de gastar meu dinheiro pra ir até lá ouvir o Caio em sua igrejinha com proposta de não-igreja. Aliás, na última vez em que ele esteve em São Paulo já não fiz nenhum esforço para ir ouvi-lo. Não perdi nada! Se for pra ouvir a mesma conversa outra vez e sempre, prefiro ouvir uma boa música, ler um bom livro, tomar uma boa gelada, ficar com minha esposa, com minha família, dedicar meu tempo aos meus estudos de pós-graduação – coisa que Vossa Santidade não sabe o que é, afinal, não precisa, pois é mais que um autodidata; nasceu sabendo! - Enfim, prefiro fazer o que para mim vale a pena, conforme escrevi num texto semanas atrás (cf. Sem igreja, graças a Deus!). E aqui incluo as propostas religiosas de “não igreja” que, na minha opinião, são apenas alternativas supostamente encontradas por pessoas que no fundo, no fundo, não conseguem – ou não podem $$$$$$$$ – viver sem igreja, caso contrário teriam de fazer uma coisa que a maioria não gosta e não sabe o que é: trabalhar.

Agora, prefiro parar para não começar a xingar, rebaixando-me (não elevando-me) ao nível de Vossa Santidade senhor Caio Fábio. E que pensem o que quiserem pensar do que escrevi aqui. Não me preocupei com a estética do texto, com a sincronia das palavras, com nada disso. A propósito, talvez este tenha sido um dos poucos textos com os quais não tive essas preocupações. Simplesmente liguei meu computador e comecei a digitar. Eu escrevi apenas o que estou sentindo depois de ter ouvido toda aquela arrogância típica de quem não tem o que fazer da vida.

sempre na Graça,
Jefferson

Confira se quiser perder pouco mais de 11 min de sua vida como eu perdi.

terça-feira, 22 de março de 2011

Gozamos juntos, mas nunca fizemos amor


por Jeyson Messias Rodrigues

As instituições não sabem fazer amor. Gozam e fazem gozar, mas sem laços afetivos. E sexo casual é muito bom, mas só pra quem não confunde as coisas. Algumas instituições iniciam relações com as melhores intenções e os mais belos discursos. São formalizadas pelos mais bem intencionados líderes. Mas a longo prazo, também estas criarão vida própria e não admitirão qualquer sinal de invasão ao seu espaço.

Note-se a distância entre os ideais reformadores e sua atual prática. Os próprios princípios batistas se tornaram meramente retóricos. Qualquer dia, algum desses engravatados mobiliza uma quadrilha de ovelhas e decide, democraticamente em Assembléia, acabar com a democracia batista. Não duvide! Conforme disse Rubem Alves, os protestantes precisaram daquele discurso de liberdade de crença e expressão naquele momento, depois, o discurso se tornou inconveniente [1].

Note-se a distância entre o próprio movimento de Jesus no primeiro século e o cristianismo, a posteriori. Jesus (reformador judeu e não um cristão, como muitos pensam) nunca excluiu ninguém (nem mesmo Judas) da mesa. Lavou os pés do Outro, lhe ofereceu a outra face, tocou sua lepra. Depois de engaiolar e monopolizar o Espírito Santo, o cristianismo (mais Paulino que evangélico) restringiu a Ceia. E ao Outro, ao invés de água para os pés, ofereceu perseguição, exclusão, cruzadas, intolerância, ódio e rancor.

Não acredito mais na instituição religiosa. Não acredito mais na igreja-instituição. Mas acredito no poder do Espírito que a todos os limites e fronteiras, transcende impetuoso, maravilhoso, soberano, autônomo e belo. Acredito no poder de sua voz aos corações daqueles que nem estão no monte nem no templo. Acredito na voz do Christos reivindicando subversão à ordem tão desigual, injusta e hostil à alteridade.

Mas acho que, de tempos em tempos, alguns cristãos deixam de ser cristãos ao ouvirem e atenderem à não-cristã voz de Cristo. Voz quase silenciada pelo poder do eclesial anticristo, que pôs palavras na boca do Filho do homem, tirando e distorcendo tantas outras; que lhe dicotomizou o discurso; que lhe anglosaxonizou a cultura; que lhe negou o romance erótico, madaleno; que lhe branqueou a pele; desalcoolizou-lhe o vinho; que lhe restringiu a salvação.

Já fui católico, luterano, pentecostal e batista. Já acreditei, fui desapontado e desapontei. Desacreditei de quase tudo. A duras penas, porém, recuperei e guardei a fé. Precisei desacreditar de algumas coisas para conseguir continuar acreditando em outras. Já não quero algumas crenças, já não quero algumas práticas, já não quero algumas posturas, já não quero alguns rótulos. Já não quero mais um monte de coisas.

Diversos sociólogos contemporâneos têm falado sobre como os sujeitos modernos têm se descomprometido com as instituições religiosas: individualização da experiência religiosa, trânsito religioso, secularização, infidelidade identitária etc [2]. Mas essa é somente uma resposta tardia de uma humanidade que cansou dessa relação desigual e encontrou novo amor. O descomprometimento com a religião decorre do descomprometimento da religião. Sempre foi sexo, nada mais.

Recentemente afastado do quadro docente do Seminário Batista de Alagoas, onde lecionava História do Cristianismo, por ser considerado “muito liberal”, me satisfaço com a insatisfação institucional, afinal, eu e a instituição religiosa já gozamos juntos inúmeras vezes, mas nunca fizemos amor.

[1] ALVES, Rubem. Religião e repressão.
[2] BAUMAN, HALL, GIDDENS etc.

fonte: http://jeysonrodrigues.blogspot.com/

sábado, 12 de março de 2011

Tragédia no Japão!

Prováveis conclusões protestantes:
O deus calvinista provocou tudo!
O deus arminiano sabia, mas ñ podia fazer nada p/ impedir!
O deus relacional não sabia!

Eu pergunto: Qual é pior?

sábado, 5 de março de 2011