sábado, 19 de setembro de 2009

Reflexão (60) - Movido pela certeza de te amar!

por Jefferson Ramalho

Sou aquele tipo de homem movido por emoções. E o que é pior: emoções incertas. Já cometi tantos erros em minha vida! Já fui um dia capaz de trocar o paraíso pela desgraça. Por favor, não me acusem pelo que fiz de errado. Eu não voltarei a cometer os mesmos erros. Apesar de mim mesmo, não perdi a esperança de que um dia possam dizer: ele é um homem sábio!

Neste domingo, como mentor da iniciativa do Caminho da Graça em Osasco, irei compartilhar a Ceia. Mas não sou digno de fazê-lo. Nunca fui! Jamais o serei! Não só quem participa deve estar ciente de sua indignidade, mas também aquele que a ministra. Tudo isso é gesto da Graça de Jesus que nos permite ser participantes de momentos tão sublimes e absolutamente incompatíveis à nossa condição tão corrompida.

Desde quando eu estava estudando teologia na graduação, especialmente nos últimos semestres do curso, em função de algumas disciplinas específicas, quando passei a ter contato com as propostas da teologia da libertação, resolvi ler o que fosse possível a respeito do assunto. Ainda não li tudo o que gostaria. Tenho muito ainda pra ler a respeito. Muita coisa está aqui, em minha prateleira, esperando-me. Mas o pouquinho que li foi suficiente para tornar-me ainda mais desinteressado em juntar tesouros na terra. Aqueles sonhos loucos que se apoderaram de mim durante os anos em que fui neopentecostal, nunca mais me convenceram. Hoje, não quero ter nada!

Tudo o que quero é ser! Mas ser o que vale a pena ser! Ser um bom homem, um bom esposo, um bom pai, um bom professor! Isso porque, certamente, eu não fui bom nas outras coisas que já tentei ser. Mas ainda tenho esperança e fé de que as minhas chances não tenham acabado. Sei e acredito que ainda posso ser feliz e fazer feliz a mulher da minha vida. E jamais trocarei a felicidade de estar ao seu lado por uma desgraça qualquer em meio ao caminho para destruir nossa vida. Digo nossa e não nossas, pois seremos, de fato, uma só vida.

Quanto aos estudos, estes sim são minha grande ambição. Nunca vou parar de estudar, ainda que isto me custe a pobreza. Prefiro ser miserável a um dia não poder mais ler um livro. Minha vida é uma só para eu gastá-la com coisas fúteis. Posso nunca ter aquele carro que todos sonham, e isso por duas razões: primeira, porque não desejo tê-lo; segunda, porque dificilmente um dia o terei, já que minhas prioridades são outras.

Prefiro deixar como herança palavras escritas e pensamentos compartilhados no dia em que eu morrer. E se um dia a graça de ser pai me for generosamente concedida – e este é um sonho que ninguém tira da minha alma, ainda que eu morra dormindo – tentarei mostrar ao meu filho que a vida é para ser vivida e bem vivida. Acordar às 5h para ganhar dinheiro para os outros não é viver bem. Mesmo que isso me renda ao final do mês uma parcela que me faça pensar que não sou insignificante diante daquilo que ao final do mês o meu trabalho conquistou para o meu patrão. Maldito capitalismo! Maldita propriedade privada! Maldita desigualdade!

Por que, Senhor, uns ganham tanto à custa de outros? O que aqueles têm de melhor que estes? Pior, Senhor! Por que aqueles que se identificam como seus seguidores são os que melhor se assemelham a esta maldita realidade que não consegue proporcionar outra coisa a não ser a novamente “maldita” desigualdade?

Até quando, Senhor? Até quando?

Sou, ainda, um homem movido por emoções? Emoções que, devido à minha fraqueza, sempre me atropelaram, sempre me traíram, sempre me enganaram! Mas desta vez, não se trata de emoção! Eu sei que não! Trata-se de certeza. Aquela certeza que os que me conhecem dizem que eu nunca a terei por causa da minha inconstância. Mas desta vez, é diferente! Bem diferente! O tempo vai mostrar! Vai mostrar que hoje não sou mais movido por emoções incertas, mas que passei a ser movido pela certeza que sempre me faltou e que agora faz parte da minha existência, até o fim! Até o fim!

na Graça,
Jefferson