terça-feira, 20 de maio de 2008

Resposta (4) - Sobre a Reflexão (38)


pr. Nivaldo Nassiff, Graça e Paz!

É com muita simplicidade, mesmo, que tentarei escrever alguns comentários a partir do que o amado me solicitou.

Sua primeira indagação diz: Você sempre menciona, nesta sua reflexão, o Caminho com letra maiúscula. Significa que o Caminho é somente uma palavra, que ensina por onde caminhar, ou significa algo mais, como uma nova expressão da comunhão com Jesus, em nossos dias? Cristo é o caminho (ou seja, o jeito certo de se relacionar com o Pai) ou o Caminho é uma nova maneira pela qual as pessoas expressam sua fé? Cristianismo é desvio, a nova religião chamada Caminho é o certo para nossos dias? Será isso que você quer dizer?

Quando usei o termo Caminho com "C" maiúsculo, não me referi a nada que não fosse o próprio Cristo como única alternativa existente para o ser humano ser conduzido a Deus. Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida; ninguém vai (ou vem, nas palavras do próprio Jesus) ao Pai, a não ser por Ele. Portanto, Caminho não se refere a uma nova religião, a uma nova igreja, a uma nova denominação, nem mesmo a uma nova expressão de comunhão com Jesus. Ele é o Caminho e não algo que conduz a Ele; e Ele enquanto Caminho, pode conduzir qualquer ser humano (cristão ou não, por exemplo, o centurião) até Deus.

Na segunda indagação, o amado diz: Mas, tenho uma outra pergunta: Nestas situações, o que você pensa seria melhor: Destruir o Cristianismo ou reformá-lo? Quero dizer: Será que a História já não tem provado que novos nomes para explicar a comunhão com o Pai, por meio da Graça exposta em Jesus, com os tais novos nomes (e às vezes, esses novos nomes de expressão da comunhão com o Pai são intensamente atrelados aos novos visionários que só enchergaram hoje o que ninguém enchergou nos últimos dois milênios), não confunde mais do que ajuda? É fato Histórico que muitos (não todos) iniciadores de uma nova visão foram pessoas que (em algum momento de sua caminhada (com c minúsculo) com Jesus dentro das tradicionais vertentes do Cristianismo) ou brigaram com a coisa instituida ou preferiram acomodar seu novo estilo (moral e ético) de vida, a uma nova expressão de sua fé; e assim, encontrando uma nova visão. Isto sempre me deixa com pulga atraz da orelha. Como você acha, amado irmão, poderíamos manter as pessoas numa singela e alegre caminhada com Jesus, sem caírmos no erro de inaugurarmos uma nova religião santa e imaculada?

Respondo: Nem destruí-lo nem reformá-lo. Penso que o Cristianismo do evangelho jamais será destruído. Já o Cristianismo ao qual chamo de desvio, pois se afastou da essência do evangelho de Cristo, este não precisa ser destruído ou reformado. Precisa, se necessário, ser abandonado. Romper com a instituição seria uma alternativa coerente, mas não a única. É possível ser cristão conforme o Cristianismo de Cristo, mesmo permanecendo na ambiência do Cristianismo ao qual chamei de desvio. Por que? Porque até na instituição cristã (católica e protestantes) estão pessoas que conheceram um evangelho corrompido e manipulado pelas lideranças eclesiásticas, e por esta razão, precisam ser re-evangelizadas, se é que assim podemos falar.

O maior campo missionário está nas igrejas evangélicas, principalmente. Pessoas que conheceram o livro, mas não conheceram a Mensagem; conheceram o nome, mas não o Nome; ouviram sobre uma suposta graça, mas não entenderam de fato o escândalo da Graça; foram alienadas a ponto de acreditarem que o culto a Deus se resume em tempo (dias de culto) e em espaço (no lugar onde a igreja tem o seu templo construído), e não entenderam que na verdade o culto a Deus é uma constante caminhada no Caminho da Graça de Deus - Jesus Cristo - e lá, na melhor das hipóteses, deveria ser um local de encontro, de comunhão entre pessoas que caminham no mesmo Caminho, uma espécie de parada, de estacionamento, de estação.

Reformar (re-formar) o cristianismo é outro absurdo. O Cristianismo do evangelho e do livro de Atos não precisa ter forma, mas precisa ter vida; não precisa ter cara, precisa ter identidade; não precisa ter rótulo, precisa ter as marcas de Jesus Cristo - como tinha Paulo; não precisa ter templo, precisa ser o templo; não precisa ter catecismos e confissões de fé à moda medieval mas com cara protestante, precisa ter o evangelho no coração e na alma.

Nas últimas observações, o senhor perguntou: E (ajude-me, por favor) quando reconhecemos (e eu reconheço) que uma pessoa pode sim, ter uma experiência genuina de salvação fora das paredes do Cristianismo, poderia também crer que uma pessoa poderia ter uma experiência genuina de salvação dentro das paredes dos Cristianismo? Pois se o centurião, no meio da idolatria ferrada, em meio à adoração de pessoas (o imperador um semi-deus inerrante), conseguiu encontrar Jesus, será que dentro das paredes do Cristianismo, Jesus conseguiria aparecer àqueles que (ignorantes, quem sabe), genuinamente acreditam e, até se esforçam por manter uma vida de comunhão com o Pai, mergulhados na Graça?

Penso que o Sacrifício do Cordeiro antes da fundação do mundo e manifesto na História cerca de dois mil anos atrás, foi suficiente para não depender da existência de uma instituição religiosa chamada cristã, mesmo que esta fosse totalmente fiel ao evangelho de Jesus Criso em toda a sua existência sem nunca se corromper, que infelizmente não foi o que aconteceu. Do quarto século para frente, foi só catástrofe atrás de catástrofe promovidas pela igreja cristã em nome de Deus e do evangelho. Mas mesmo que essa igreja nunca tivesse saído de sua simplicidade e pureza à luz da mensagm do Mestre, ainda assim seria possível Deus operar salvação em quem Ele quisesse, afinal de contas, nisto consiste Sua Soberania, não em depender da obediência, da decisão e da permissão de um indivíduo para poder salvá-lo, mas exclusivamente de Sua Graça.

Mesmo sendo ofendido, amar e dar de graça a vida eterna, ser crucificado e simplesmente dizer: Pai, perdoa-lhes, pois eles não sabem o que fazem. Deus não depende nem da existência nem da não existência da instituição para graciosamente colocar alguém no Caminho. Preferível até, é que Ele salve fora das muralhas da religião cristã, pois esta, infelizmente, com toda a sua dogmática e sistematização da teologia e da prática de fé de um modo geral, consegue mais afastar uma pessoa do Caminho do que propriamente ajudá-la a permanecer. Por isso, chamei esse Cristianismo de desvio.

Espero ter sido claro, meu irmão!

E mais do que esperar ter sido claro, escrevo orando a Deus para que em nenhum momento minhas palavras tenham teor de soberba, arrogância e presunção como de alguém que ingenuamente pensa que consegue em um simples texto, explicar peculiaridades a respeito do Altíssimo.

Abração!

na Graça, com temor e tremor,

Jefferson

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