terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Uma oração

Pai,

Sou fraco, ingênuo, pecador, soberbo, vingativo e perverso. Tudo isso habita dentro de mim. Não consigo me livrar dessas coisas. O que faço, Senhor?

Estou vivendo na própria pele a carência de alguém que sabe o quanto precisa de Deus, que o tem como Pai, mas não o sente agindo. Será que precisamos senti-Lo?

Deus não é palpável, nem sentido – na verdade, Ele é sem sentido – habitável, reduzível ao tempo e ao espaço, teologizável. Sua Soberania ultrapassa todas essas condições tão limitadas.

São peculiaridades que temos e que tomam conta de nossas impuras almas, que não desejam essencialmente servir a Deus, mas a si mesmas. Com isso, ficamos cada vez mais distantes dEle, que é santo, puro, sem corpo, sem tempo, sem espaço e sem vingança.

Ele é amor, é ilimitado, é santo de fato, é acessível, é limpo, essencialmente limpo. Eu não; eu sou imundo, sujo, e não tenho tempo para Ele. Tenho para minhas intenções perversas, que muitas vezes, ainda que sejam puras e sinceras, tornam-se perversas, quando se tornam substitutas do meu relacionamento com Ele.

Critico os que barganham, mas quantas e quantas vezes não penso em barganhar também? Desprezo a teologia da prosperidade, mas quando foi que aceitei trabalhar ou prestar serviços voluntários a alguém? Não apenas precisamos, mas também queremos dinheiro. Não estou aqui justificando as aberrações existentes no meio evangélico a esse respeito, mas estou pedindo ao Pai, para que despreze o meu pecado e me faça entender que a encarnação da Graça, acerca da qual tanto falamos, é realmente o perdão. E se os que fazem e estimulam a barganha, estiverem no céu? Eu vou me revoltar com Deus por causa disso?

O perdão, antes de tudo, precisa me atingir, se preciso, violentamente a alma. Só sendo perdoado e entendendo o que é o perdão do Altíssimo, é que conseguirei perdoar o meu próximo. Mas Jesus disse o contrário: Perdoe primeiro, para depois ser perdoado. Isto não é absurdo? Não parece barganha? Faça e depois te será feito, se não, nada feito.

Que ensinamento é esse, Senhor? Jamais conseguirei perdoar. Parece um espinho que foi empurrado em minha pele mais frágil e não pode ser arrancado. Já que não podes e não vais me arrancar tal espinho, então me faça experimentar Tua Graça do modo que for possível. Sentindo, vivendo, enfim, experimentando de alguma maneira. É o que me basta: a Tua Graça.

O perdão que devo conceder ao meu irmão, não posso produzir em mim. É obra do Senhor!

Obrigado, Pai, por ter me perdoado, mesmo sabendo que eu não perdoaria.

constrangido por causa do Teu grande amor,

Jefferson

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