quarta-feira, 5 de dezembro de 2007

Reflexão (11) - Em nome de Deus


por Jefferson Ramalho

Há duas obras muito boas sobre este tema. Na verdade, "em nome de Deus" foi o título que estas obras receberam.


Estou falando do livro de Karen Armstrong, publicado pela Cia. das Letras, que apresenta com muita propriedade a respeito do fundamentalismo presente nas 3 religiões monoteístas existentes no mundo: judaísmo, cristianismo e islamismo.

A segunda obra é cinematográfica. Estou falando do filme "Em nome de Deus", que conta a história real de Pedro Abelardo. Ele foi um filósofo medieval que se apaixonou por uma jovem chamada Heloíse.

Eles tiveram um filho, a quem foi o dado o nome de Astrolábio. Este é o nome do instrumento que servia para medir a distância entre as estrelas.

No fim das contas, proibido de ficar com Heloíse, Abelardo foi castrado a mando do tio de sua amada, que era um velho vendedor de relíquias religiosas.

Sempre que leio sobre o fundamentalismo cristão ou sobre histórias como a de Abelardo, confesso que tenho vontade de não ser mais cristão. O nome de Deus tem sido usado ao longo da história do cristianismo para sustentar as piores atitudes das lideranças eclesiásticas que se afirmam vocacionadas por Deus.

Em nome de Deus as pessoas matam, mentem, fazem aliança com políticos corruptos, roubam, defendem seus dogmas "colocando Deus" dentro de um pacote doutrinário, disciplinam os que cometem algum pecado, submetem pessoas à vergonha diante da congregação, enfim, sentem-se no direito de agir como se fossem os mediadores entre Deus e os homens.

O que nos resta diante deste quadro? Nos resta crer em Jesus e servi-lo de todo o nosso coração, sem estar presos a uma denominação, que do ponto de vista institucional, acaba funcionando como qualquer outra instituição, organização, empresa ou coisas do tipo.

A igreja, para se destacar perante a sociedade, constrói seus edifícios e chega a chamá-los "igreja" ou até mesmo, "casa de Deus". Mas Deus não habita o espaço que nós ingenuamente construímos e delimitamos para que Ele habite.

O templo não pode ser chamado "casa de Deus", pois na maioria das vezes, a um quarteirão de distância dessa "casa de Deus" sempre há alguém passando fome e a chamada "igreja" não cumpre com a sua responsabilidade social.

Infelizmente, a maioria esmagadora das igrejas tem sido apenas novas organizações e empresas, com estatuto, razão social e CNPJ, não se diferenciando em nada das que já existem; e mais do que isso, não fazem a diferença que realmente poderiam e deveriam fazer nas comunidades onde se inserem.

Alguns dirão: - É fácil dizer estas coisas estando do lado de fora. Eu responderia: - Se para estar do lado de dentro é preciso jogar este jogo, eu prefiro ficar de fora, pois seria o mesmo que vender a própria alma. A quem, nem preciso dizer. Claro que há exceções, mas são raras.

Em nome de Deus, a igreja continua a mesma. Esta igreja - digo com a alma tranqüila - não é a Noiva, não é o Corpo, não é a Eleita, não é a Igreja.
Só para refletir um pouco. Continuo na próxima.

na Graça,


Jefferson

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