quarta-feira, 21 de novembro de 2007

Reflexão (3) - Muito mais que palavras


No arrependimento e no descanso está a salvação de vocês, na quietude e na confiança está o seu vigor, mas vocês não quiseram.
(O Senhor - cf. Is 30.15 - NVI)

por Jefferson Ramalho

Philip Yancey é, sem dúvida, um dos principais escritores sobre a espiritualidade cristã dos últimos anos. Jornalista, Yancey consegue transformar em palavras as experiências mais conflitantes que um ser humano pode experimentar.

Contudo, um de seus últimos livros de maneira proposital recebeu o título "Muito mais que palavras". Nesta obra, Yancey compila textos de escritores cristãos, onde a influência de grandes mestres da literatura é mais que evidente. Na verdade, esta é a proposta da obra.

Henri Nouwen, Dostoievski, Kierkegaard e Shakespeare são apenas quatro dos vários mestres apresentados nesta obra, como grandes influenciadores da vida e pensamento dos autores de cada capítulo. Yancey, especialmente, escreveu sobre a influência que recebera de John Donne.

Semelhantemente tenho experimentado a importância que há em viver a vida cristã além do discurso, das palavras, da retórica. Tenho conseguido experimentar esta importância, sobretudo, porque a cada dia percebo o quanto estou longe de viver uma vida cristã conforme o Evangelho nos convida.

Quando leio Henri Nouwen, Anselm Grün, Brennan Manning, Tomas Merton, Santa Tereza d'Ávila, São João da Cruz, C.S. Lewis, Santo Agostinho e principalmente os textos dos Padres do Deserto, fico ainda mais constrangido diante de Deus, pois percebo o quanto estou distante de sua Condição Santa.

Resta-me silenciar-me diante de SUA INDEFINIBILIDADE e apenas sussurrar: Pai, perdoa-me por eu ser como sou e me ajuda a “viver" e não apenas "saber como devo viver". Como dizia São Francisco de Assis: "pregue o Evangelho, se for preciso, use palavras".

A autêntica pregação do Evangelho é essa que não se resume em dizer como fazer, mas que faz. É a que assiste o aflito, visando sua real libertação. E libertação, conforme diz Leonardo Boff, é a ação de libertar. Falar, pregar, escrever, pensar e ensinar sobre libertação, em certo sentido, é bastante simples. O difícil é ser um agente ou veículo de libertação.

Como ser este veículo? Vivendo todos os dias o "amor" revelado nas Escrituras. Como reconheço que ainda estou muito distante de viver este amor, me sinto constrangido diante dELE, que é o próprio Amor em Pessoa. Que ao menos este ato de simplesmente reconhecer a própria incapacidade de amar conforme o Evangelho, já seja um primeiro passo.

na Graça,

Jefferson

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