segunda-feira, 24 de dezembro de 2007

Reflexão (20) - O que penso sobre o Natal


por Jefferson Ramalho

Seria muito fácil apenas dizer que o Natal é o momento em que o consumismo se explicita da maneira mais grosseira possível. Semelhantemente não seria difícil pensar sobre o significado cristão do Natal.

Como não quero ser repetitivo nem relembrar aquilo que todos falam todos os anos, vou convidar você a refletir acerca do Natal por um outro caminho. Um caminho que não se preocupa tanto em protestar contra o consumismo exacerbado uma vez que já fazemos isso o ano inteiro. Um caminho que não quer mais uma vez dizer o que todos já sabem: que o Natal simboliza o nascimento de Jesus, o Salvador da humanidade.

O que eu pretendo com esta reflexão é compartilhar com você um pouco daquilo que ouvi no Caminho da Graça com o Carlos Bregantim nos últimos três domingos. O Natal não apenas representa ou relembra o momento em que o Jesus Histórico nasceu, mas nos leva a pensar na importância do fato de que Deus se fez gente entre a gente. E é neste processo de Deus se fazer gente, que o escândalo do Evangelho se torna ainda mais instigante.

Ele - o SENHOR - saiu de sua ambiência celestial e divina e encarnou-se na ambiência terrena e pecadora dos humanos. E não fez isso para brincar de ser gente, mas para cumprir um propósito peculiar, ou seja, "historicizar" aquilo que antes da História já tinha acontecido na realidade celestial. Estou falando sobre aquilo que as Escrituras se referem ao afirmar que "o Cordeiro foi imolado antes da fundação do mundo".

Neste sentido, o Natal é mais do que tudo que estamos acostumados a ouvir todos os anos no mês de dezembro. Na verdade, o Natal é a celebração do significado essencial da fé cristã do Evangelho: a Encarnação de Deus, e, com isso, a Encarnação da Graça.

Emanuel que quer dizer "Deus conosco" é o Nome dEle. Mas Emanuel hoje só é Emanuel com significado concreto, quando ele se "Emanueliza" através de pessoas que estão à nossa volta. Quando vemos Emanuel em gente como a gente, e quando "permitimos" que Emanuel seja Emanuel em nós para os outros, aí o Natal ganha sentido próprio.

Sem este significado, isto é, sem a Encarnação da Graça em atitudes de amor, fraternidade, responsabilidade social e humana, sinceridade de coração e humildade diante de Deus e do próximo, não adianta fazer cantatas nas igrejas, ceias com a família, presentear pessoas.

A Encarnação da Graça é, portanto, significativa, quando com ela se encarna também a capacidade de perdoar, de vencer o ódio, de superar a mágoa e de acima de tudo oferecer um banquete aos inimigos, fazendo deles a partir de então verdadeiros amigos e irmãos em Cristo.

E a compreensão mais coerente acerca do Natal é aquela que está convicta de que Deus nos quer bem. Nosso Natal não pode e nem deve ser considerado feliz se temos o que comer, porque tem muita gente que não tem; nosso Natal não pode ser considerado feliz só porque temos saúde, porque tem muita gente que está esta hora sofrendo e morrendo nos hospitais vitimadas pelas piores doenças; nosso Natal não pode ser considerado feliz porque temos um bom emprego, porque há pais de família que sofrem com o desemprego há anos. Mas o nosso Natal deve ser considerado feliz por um único e suficiente motivo: o Senhor nos quer bem. Isso é Graça, isso é a Encarnação de Deus, isso é Misericórdia, isso é perdão, isso é amor, isso é Natal.

Feliz Natal a todos, pois o SENHOR nos quer bem. É o que basta.

na Graça,

Jefferson