sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Lançamento - Milton e Rosi Schwantes

Caras e caros colegas,

Abaixo estão a capa e as informações a respeito do mais novo livro do nosso querido amigo e teólogo dr. Milton Schwantes. Este, particularmente, em co-autoria com sua esposa dra. Rosi Schwantes. Sem tê-lo lido, já sugiro a leitura. Conforme coloquei minha opinião semanas atrás aqui no blog, o dr. Milton Schwantes é, sem sombra de dúvida, o mais competente teólogo protestante brasileiro da atualidade.

Grande abraço,
Jefferson


Como adquirir? Com os próprios autores!

Estimadas e estimados!

No momento, cabe-me promover a propaganda de um livro de Meditações, escrito por mim e por minha esposa Rosi. Seu título é “Figuras e coisas”. Constitui-se de 52 meditações à luz de um tema da vida em conexão com um trecho bíblico, acompanhado de uma oração. Cada um destes conjuntos de meditação, oração e texto bíblico ocupa duas páginas, vindo acompanhado de ilustrações.

O preço varia de acordo à quantidade a ser encomendada:
de 1 até 5 ex. – já incluindo as despesas de correio = R$ 6.oo (cada exemplar)
de 6 até 15 ex. – já incluindo as despesas de correio = R$ 4.oo (cada exemplar)
acima de 16 ex. – já incluindo as despesas de correio = R$ 3,5o (cada exemplar)
Recomendo que compres uma quantia acima de 16 exemplares!

Minha conta corrente para o pagamento é o seguinte:
Milton Schwantes
Banco Itaú
agência 0333
conta corrente 72954-9

Abraços, na gratidão.

Milton Schwantes
rua Camilo José 78 – Alto do Ipiranga
São Paulo/SP
04125-140
Brasil
milton.schwantes@metodista.br

tel. (55-11) 5068.0170
fax (55-11) 4366.5815
25/11/2010

domingo, 21 de novembro de 2010

Novo Curso em Ciências da Religião - PUC-SP


Os Deuses demandam, o Homem responde:
as posturas das religiões diante de problemas vitais

Ementa: Nas sociedades contemporâneas a religião não perdeu sua relevância, ela continua desempenhando papel fundamental para compreensão das relações e organizações constitutivas destas sociedades. O curso pretende discutir o atual impacto da religião em diversas esferas da vida humana e diferentes culturas. A reflexão orienta-se nos insights da Ciência da Religião, portanto em uma matéria acadêmica multidisciplinar (História das Religiões, Psicologia da Religião, Sociologia da Religião etc.) especializada na comparação entre as religiões.

O curso abordará os seguintes temas organizados em quatro blocos.

Bloco 1) A importância da religião nos níveis individual e interpessoal

Religião e destino humano;
O impacto da religião sobre a biografia humana;
Religião, corpo e saúde;
Religião e sexualidade;
Religião, velhice e morte.

Bloco 2) A importância da religião nos níveis micro e macrossocial

Religião, casamento e família;
Religião e educação;
Religião e política;
Religião e economia.

Bloco 3) A importância da religião no nível cultural

Religião e arte;
Religião e arquitetura;
O impacto da religião sobre o calendário.

Bloco 4) A importância da religião no nível global
Religião – guerra e paz;
Religião e direitos humanos;
Religião e meio ambiente.

ESTRUTURA E CARGA HORÁRIA : 45 horas

Mais detalhes: http://cogeae.pucsp.br/cogeae/curso/2444

sábado, 13 de novembro de 2010

***** A historiografia cristã na História (parte 6)


continuação...

Constantino e as relações de poder entre o império e a cristandade

A história problema é uma preocupação historiográfica enfatizada a partir dos Annales. Se o historiador é um intérprete, ele pode em seu ofício identificar os problemas presentes num processo histórico, rompendo através dessa tarefa com aquele modelo tradicional que selecionava, apenas, os acontecimentos políticos de triunfo.

Este modelo, além de protagonizar as personagens políticas, omitia as relações de poder, as barganhas, as fraudes, e até mesmo alguns equívocos e conchavos que sempre foram pintados por historiadores positivistas como tendo sido acontecimentos que trouxeram importantes benefícios e ganhos. Os heróis que os historiadores positivistas criaram são os mesmos que promoveram as barganhas, os conchavos e os benefícios que uma história problematizada denuncia.

Paul Veyne salienta a importância do papel do salvador na concepção cristã. Assim, “o cristianismo tem um salvador original que não pode agradar a todos os gostos: o neoplatonismo era menos melodramático aos olhos de alguns eruditos. Essa foi a história da cristianização.” (Veyne, 2010, p. 36). Assim, a participação do imperador Constantino foi decisiva, pois somente uma autoridade de fora faria com que uma prática superasse outra. O imperador, que não era obrigatoriamente cristão, assume o papel de salvador de um grupo religioso – no caso, os cristãos – que até então era vítima da perseguição do próprio império. Para justificar esta atitude do imperador, a historiografia eusebiana o defende, o qualifica e o coloca na condição de escolhido por deus para libertar seu povo da opressão.

Os três últimos livros da História Eclesiástica de Eusébio são dedicados a relatar como que as relações de poder entre a cristandade e o império se estabeleceram.

Contudo, a linguagem utilizada por Eusébio demonstra as suas principais intenções.

Ele não está empenhado, somente, em defender sua identidade religiosa nas muitas vezes em que chama a religião cristã de “a religião verdadeira”, mas em reconhecer e propagar que o imperador Constantino, além de piedoso e benevolente, foi levantado pelo próprio deus para libertar os cristãos daquela última perseguição reiniciada em 303 por Diocleciano.

As comparações entre Constantino e o perseguidor Maxêncio, por exemplo, explicitam as intenções de Eusébio. Ele caracteriza Constantino chamando-o de “prudente e piedoso em tudo” (Eusébio, VIII, 13.13), “zeloso sucessor da piedade paterna” (Eusébio, VIII, 13.14), pois seu pai Constâncio, para Eusébio também o era, enquanto que ao se referir a Maxêncio, adversário de Constantino na batalha pela cidade de Roma, Eusébio desqualifica chamando-o de tirano, adulador, falso, criminoso, adúltero, devasso, assassino, supersticioso e pagão (cf. Eusébio, VIII, 14.1-13).

É interessante ao extremo para Eusébio, tornar evidente as características de Constantino e omitir os seus prováveis equívocos. Trata-se de uma parceria. Além das apologias tendenciosas escritas por Eusébio, também foi registrado em sua obra sobre os benefícios que esta aliança acabou proporcionando não somente à instituição religiosa, mas aos seus superiores. “Os bispos recebiam individualmente cartas, honras, ricos presentes do imperador.” (Eusébio, X, 2.2). O triunfo é a marca registrada deste último bloco da obra de Eusébio composto pelos três últimos livros*.

No intuito de legitimar ainda mais o aspecto salvador da figura de Constantino, Eusébio o relacionará à figura mitológica de Moisés do livro bíblico do Êxodo. A imagem de Constantino como um novo Moisés, resultante de um exercício hermenêutico elaborado por Eusébio, demonstra que as relações de poder entre o Estado e a cristandade estão apenas começando. É imprescindível para o autor da História Eclesiástica que sejam construídas analogias para que suas apologias façam sentido.

No discurso de Eusébio se desenvolve a partir de suas motivações. Afirmar que Constantino tinha a força de deus em si do mesmo modo que a personagem da Bíblia Hebraica a possuía trata-se de uma analogia simultânea a que ele constrói acerca de Maxêncio. Este é o Faraó dos dias de Eusébio, pois virou às costas ao deus dos cristãos – o verdadeiro, nas palavras do nosso historiador – deixando apenas evidenciada sua maldade, perversidade e injustiça.

Para Eusébio, Maxêncio terá recebido o justo castigo por seus atos contra os cristãos e por estar na condição de adversário do imperador levantado por deus. Como em muitas passagens da obra, a afirmação deste parágrafo vem condicionada a uma citação bíblica, no intuito de legitimá-la inclusive teologicamente.

Continuamos na semana que vem!

* Estruturada em dez livros, a datação de composição da obra de Eusébio ainda é uma incógnita. Hipóteses não faltam, pois há aqueles que são favoráveis a uma composição dos primeiros sete livros em data anterior a 303, ano em que o imperador Diocleciano deu início à última perseguição oficial aos cristãos. Outros preferem afirmar que os primeiros sete livros foram escritos num espaço de tempo bastante breve de apenas dois anos, entre 312 e 313. O que, porém, parece unânime, refere-se às datas de composição dos três últimos livros, os quais teriam sido escritos entre 313 e 317, sendo que, apenas a vitória de Constantino sobre seu cunhado Licínio teria sido registrada por Eusébio por volta de 324, compondo a parte final do décimo livro.

domingo, 7 de novembro de 2010

Constantino, o 'novo Moisés' segundo Eusébio


Amigas e Amigos,

Este é o link do meu artigo deste ano, publicado nos Anais do Congresso da Sociedade de Teologia e Ciências da Religião (SOTER). Trata-se de um texto que escrevi em co-autoria com meu orientador Prof. Dr. Pedro Lima Vasconcellos. Nosso texto, intitulado "Constantino, o 'novo Moisés' segundo Eusébio de Cesaréia" está publicado da pág. 815 à pág. 829.

Aí vai o link:

http://ciberteologia.paulinas.org.br/ciberteologia/wp-content/uploads/2010/09/23%20Congresso%20SOTER%202010%20D.pdf

sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Salmo 23 - Iavé não me faltará!

“IAVÉ, MEU PASTOR, NUNCA ME FALTARÁ”

Esta é uma tradução que provavelmente mais se aproxima do original em hebraico.

Arrisquei interpretar este salmo especial da maneira mais pessoal possivel. Tomara abençoe voce.

“O Senhor é o seu pastor e por isto, nunca, ELE lhe faltará, pois, você O tem e Ele o/a tem. E, se ELE nunca lhe faltará, do que mais você precisa ou tem falta??

Ele faz você andar como que por verdes pastos e Ele é a brisa que refrigera a sua alma e te faz repousar em segurança ao som de águas tranqüilas.

Ele te toma pela mão e te guia por caminhos retos e justos.

É possível que você ande por caminhos que pareçam caminhos de morte, mas, o Senhor te sustenta e você toma o rumo da vida.

Não poucas vezes você se verá diante de inimigos, mas, o Senhor, antes lhe alimentará e lhe servirá um cálice de revigoramento.

E daqui até o ultimo dia de sua vida o Senhor te perseguirá com bondade e misericórdia. Elas te encontrarão e na passagem te fará companhia por toda eternidade.”

Com carinho.
Carlos Bregantim

terça-feira, 2 de novembro de 2010

***** A historiografia cristã na História (parte 5)

por Jefferson Ramalho

continuação...

É possível pensar efetivamente em historiografia cristã a partir da obra História Eclesiástica, de Eusébio de Cesaréia. Escrita no início do século IV, foi a primeira obra de história do cristianismo e teve valor suficiente para proporcionar ao seu autor o título de “pai da história da igreja”. Cabe aqui uma breve reflexão a respeito dos problemas desta obra, os quais já foram identificados por muitos especialistas e comentadores de Eusébio.

Após a observação de tais problemas, e tendo como referencial os avanços da historiografia, pretendemos questionar acerca da permanência do estilo eusebiano em obras de história do cristianismo produzidas, sobretudo, na segunda metade do século XX. Isso demonstra, a princípio, que os autores destas obras além de não acompanharem os avanços da historiografia, permanecem – é o que pelo menos demonstram – com as mesmas motivações apologéticas e até políticas de Eusébio.

O historiador belga Eduardo Hoornaert, ao comentar sobre o estilo eusebiano de escrever a história, afirmou que “a tradição eusebiana só pode ser triunfalista e apologética. Triunfalista quando a instituição prospera, apologética quando ela se sente ameaçada.” (Hoornaert, 1986, p. 29). Hoornaert ainda demonstrará três problemas crassos no estilo de Eusébio escrever a história da religião cristã: a presença forte de uma relação entre o helenismo e o pensamento cristão dos padres da igreja, o eruditismo capaz de afastar o leitor não-iniciado e a explícita relação de poderes eclesiásticos e políticos. (cf. Hoornaert, 1986, p. 31 a 35).

Como se não bastasse essa clara tendência motivada pela institucionalização que a cristandade vivia naquele momento da história, a obra de Eusébio também traz sérios problemas metodológicos. Roque Frangiotti, por exemplo, aponta alguns:

Deve-se ressalvar, contudo, que suas inclinações e simpatias lhe tenham, por vezes, inspirado omissões surpreendentes e tendenciosas. Além disso, recrimina-se-lhe falta de síntese, a abundância de extratos, sendo alguns deles tão curtos que impedem qualquer compreensão. Tudo isso faz com que a obra se pareça, por vezes, mais com uma colcha de retalhos do que com uma história. Portanto, não se tem uma narração completa com a justa proporção dos episódios e o encadeamento lógico dos acontecimentos. O valor fica pelo trabalho, junto às fontes, dos documentos sobre a antiguidade eclesiástica, dos extratos de obras já perdidas. (Frangiotti In. Eusébio de Cesaréia, 2000, p. 23).

Para completar esta breve seleção de críticas ao estilo de Eusébio escrever a história da religião cristã, podemos mencionar as considerações de Hubertus R. Drobner:

[...] ele não faz distinção entre fontes primárias e secundárias, omite e parafraseia passagens, utiliza mais os autores ortodoxos que os outros autores cristãos, mais os escritores célebres do que autores menos conhecidos, as proporções da apresentação nem sempre fazem justiça ao conteúdo, e numerosos julgamentos deixam a impressão de superficiais ou unilaterais. [...] O que mais pesa é que nos últimos livros [8-10], que tratam da época de sua própria vida, ele não escreve com a mesma fundamentação, deixando lacunas e expressando-se de uma forma mais panegírica do que objetiva e sóbria. (Drobner, 2000, p. 237 e 238).

Pensando nas motivações, omissões e pretensões de Eusébio, percebemos as razões por trás das motivações políticas e não somente eclesiásticas, as seleções arbitrárias daquilo que lhe era interessante registrar e, por fim, as intenções apologéticas – tanto em favor da igreja, como em favor do imperador Constantino – que compõem a obra. Mas não é este o maior problema. Talvez, naquela época, sobretudo por causa do que a cristandade estava vivendo, dificilmente Eusébio escreveria uma história da igreja com outra tendência. Defender a sua própria religião parece óbvio para ele que era bispo.

Qual seria, então, um problema maior que o estilo de Eusébio? Parece-nos que a continuidade do seu estilo nas obras de história do cristianismo produzidas nos últimos cinqüenta anos ocorre por desconsiderar os avanços da historiografia.* De todas as observações que fizemos no primeiro tópico, entendemos que a problematização da história, proposta teórica da Escola dos Annales, é um importante fator a ser aplicado na historiografia cristã.

Para percebermos esta perspectiva da história problema na obra de Eusébio e no tempo em que a sua História Eclesiástica era produzida, destacaremos uma entre tantas questões que caracterizam bem esta experiência de transição na cristandade do século IV: as relações de poder entre o império e a religião cristã.

Continuo na próxima semana!

NOTA: *Assim como o modelo deixado por Eusébio está composto por diversas deficiências e desatualizado, principalmente após os avanços da historiografia, as obras que preservam o seu estilo apologético, acabam não acompanhando os mesmos avanços. A problematização da história, por exemplo, é uma das inovações propostas pela chamada Nova História, e que os historiadores da igreja não têm utilizado.