por Jefferson Ramalho
Nos últimos dois anos Deus tem tratado minha alma de uma maneira muito peculiar. As necessidades da alma me fizeram perceber a cada dia o quanto sou dependente do Seu amor, do Seu cuidado e da Sua Graça. A teologia tinha me ensinado isso apenas na teoria, mas na prática, aprendi sentindo na pele.
Quando eu estava iniciando na caminhada cristã, me fizeram acreditar que Deus fala de forma audível, diretamente conosco, conforme registrado em algumas passagens bíblicas. Em minha inocência, acreditei que assim seria.
O tempo foi passando e nada de Deus falar, embora muitas vezes eu pregava e enchia a boca arrogantemente para dizer que Ele estava falando comigo. Com isso eu não fazia nada além de misturar presunção com ingenuidade, e o que é pior, manipulava pessoas fazendo-as acreditar que eu tinha uma intimidade com Deus que eles não tinham.
Disseram-me também que Deus nos fala através de outras pessoas. Também acreditei, mas tudo o que Ele supostamente me falou através de outros não foi nada tão surpreendente para ser atribuído a Ele. Com o decorrer dos anos fui percebendo que Deus não fala conosco de modo esquisito. Deus não é esquisito.
Leituras de passagens bíblicas, muitas vezes, conseguem vir em nossa direção com mensagens que parecem ser do próprio Senhor. Algumas vezes isso também acontece por meio de pregações, mas não na maioria das vezes, pois grande parte delas atualmente, consegue ser a antítese da mensagem cristã. Tudo, menos Palavra de Deus.
Nos últimos dois anos Deus tem sido generoso comigo e tem me falado não diretamente nem indiretamente, mas colocando pessoas no meu caminho e me edificando através de suas vozes e de suas palavras. São em especial quatro irmãos que não têm nenhuma auréola, mas têm Graça de Deus naquilo que falam.
O primeiro deles é meu irmão, pastor, mestre e acima de tudo, amigo, Ricardo Bitun. Nos conhecemos no início de 2000. Ele foi o principal responsável por muitas decisões, rompimentos, reflexões e principalmente conversões que aconteceram na minha vida: no meu coração e na minha alma.
Sua voz calma, seu olhar penetrante, seu temor a Deus nunca vistos por mim em qualquer outro ser humano e sua atenção a todos os meus momentos de aflição me fizeram ver nele alguém com quem eu pudesse contar. Deus está naquele homem. Não sem defeitos, mas com muitas qualidades. Até hoje desfruto de sua amizade e espero poder contar com ela por toda minha vida. Não caminhamos juntos como igreja, mas somos um, como Igreja. Sempre que quero saber como é andar com o Senhor e ouvir Sua voz, procuro este irmão. Ele anda com Jesus.
O segundo amigo é o Carlos Bregantim. Um homem que não precisou subir no pedestal pastoral para me estender a mão quando dele precisei. Na primeira conversa que tivemos pude ver quem ele era e quem ele é. Suas pregações, sem compromissos com rigor acadêmico e teológico embora ele tenha conhecimento suficiente para isso, têm sido o meu alimento espiritual todos os domingos pela manhã.
Um irmão, mais que pastor, que ao ouvir minha aflição, não viu outra maneira de me acolher a não ser compartilhando a sua própria experiência. Algo que pastores, bispos e apóstolos certamente não fariam, a menos que fossem experiências de triunfalismos. Quando as experiências são “evangelicamente escandalosas”, elas não servem de exemplo. Mas com este amigo não foi assim. Desde quando conversamos naquela tarde no Café Girondino, meu coração nunca mais foi o mesmo. Deus falou por ele, sem fantasias, mas como homem.
Outro irmão com o qual tenho tido poucos encontros, mas o suficiente para querer sempre estar perto é o Sergio Fortes. Sua voz extremamente grave consegue ser ao mesmo tempo extremamente doce, carinhosa e agraciada por Deus, sobretudo, pelas palavras que pronuncia. Seu abraço de irmão e amigo consegue agasalhar não somente o corpo, mas principalmente a alma de quem ele abraça. Suas reflexões são simples e singelas, mas são Palavra de Deus na medida que vão se construindo durante uma conversa sempre e em qualquer lugar que nos encontramos.
Não há quem o conheça de fato, que não se sinta atraído por sua maneira mansa e doce de expressar a verdadeira espiritualidade de um cristão que ama Jesus sobre todas as coisas, e não tem outra postura a não ser a de silenciar-se diante da Sua Grandeza.
A quarta voz que tem me abençoado é a de um irmão com o qual não tive ainda o privilégio de estar mais próximo. Nos vimos apenas uma vez. Contudo, sua voz, sua poesia, sua música e suas canções têm me enchido o coração de alegria todos os dias. Stênio Marcius é o seu nome. Cada uma de suas músicas tem produzido um significado novo no meu coração acerca das passagens bíblicas ou das situações que ele simplesmente inventa e transforma em melodia como ninguém.
Os louvores a Deus na voz e na composição do Stênio não são extravagantes, explosivos, circenses ou superproduzidos. São apenas louvores. Músicas com toques poéticos, com vocabulário não rebuscado mas amplo, sem adornos mas ao mesmo tempo impressionantes. Simples. Como C. S. Lewis certamente diria: cristianismo puro e simples, só que em forma de canção. O suficiente para tocar o coração e evidenciar ainda mais a Graça de Deus existente na alma e no coração do compositor. Obrigado, Stênio.
São essas as vozes de Deus que têm falado à minha alma. Sem espetáculo, sem espiritualizações bestializadas, sem circo, sem línguas inexistentes, sem esquisitice. Apenas simples e suficientes. Obrigado Senhor, por generosamente falar comigo dessa maneira.
na Graça,
Jefferson
sexta-feira, 30 de novembro de 2007
Reflexão (9) - Quatro vozes que me abençoam
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Um comentário:
JEFF QUERIDO!
As vozes do BITUM, FORTES E BREGA são - IGUALMENTE - perceptíveis e destacadas nos ouvidos do meu coração.
A PESSOA DO STÊNIO, pouco conheço, mas das suas palavras feitas em arte e alma, também sou abençoado.
TEU BLOG TÁ ÓTIMO.
Continue ESCREVENDO.
na Jornada,
LEVI aRAÚJO
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