pr. Luiz Sayão,
Graça e Paz!
Acho que o amado entendeu que ao usar o termo "cristianismo", minha intenção foi a de fazer referência às "instituições" denominadas cristãs. Existe uma diferença clara e óbvia entre o cristianismo do evangelho e o cristianismo da História, especialmente quando pensamos no cristianismo do quarto século em diante. Só não leva em consideração essa discrepância quem não quer ou não pode.
Infelizmente no século XVI apenas começou uma tentativa de retorno aos primórdios da mensagem de Cristo, mas no século XVII, com as confissões de fé e catecismos, "enquadradou" tudo de novo. A capacidade humana de reflexão foi para o buraco e o sacerdócio universal virou lenda.
E aí, como o irmão sabe milhões de vezes melhor do que eu que sou apenas um simples graduado em teologia - por isso não caio na inocência de me considerar teólogo - que nos séculos XVIII e XIX, tudo o que representava uma ameaça à "fé cristã" como o Iluminismo, o Evolucionismo, o Socialismo e tantas outras inovações que a filosofia, a biologia e o conhecimento de modo geral receberam, foi rechaçado.
Por que as inovações dentro da própria teologia e da hermenêutica foram também rejeitadas? O método histórico-crítico, as especificidades dos pensamentos dos teólogos liberais, as reflexões em torno da questão do Jesus Histórico?
Porque tudo isso, certamente, feria a integridade daquilo que para o "cristianismo" era fundamental.
Ops! Por falar em fundamental, chegamos no tal "fundamentalismo", que o amado citou. O que é fundamentalismo para o senhor? É simplesmente aquela reação ao Liberalismo Teológico que se tornou evidente na obra clássica "Os fundamentos" ou seria uma forma pejorativa de se referir a quem não aceita posicionamentos diferentes, que não aceita diversidade e pluralidade, enfim, que não se abre ao diálogo? Isso me leva a pensar nas intolerâncias islâmica e norte-americana, que em minha opinião são igualmente repugnantes.
Se for assim, concordo que até existam "liberais fundamentalistas". Isso é óbvio. Um liberal que não permite um conservador sequer se pronunciar, se torna igualmente fundamentalista e intolerante. Mas se o amado se refere ao Fundamentalismo clássico, que reagiu ao Liberalismo dos teólogos alemães, não posso concordar que meu modesto texto tenha sido fundamentalista, pois ao propor a aceitação de que até naquele centurião romano o Mestre encontrou fé sem que ele tivesse que se converter à mensagem do evangelho, meu texto poderia ser chamado de qualquer coisa, menos de fundamentalista. Penso que isso esteja bem claro.
Sobre a diferença entre o cristianismo do evangelho e o cristianismo institucional, ou seja, o da História, pretendo tentar comentar alguma coisa, mas na resposta à pergunta do prof. dr. Lourenço Stelio Rega, a quem muito respeito por suas contribuições à academia teológica brasileira, sobretudo, por sua obra tão conhecida e importante intitulada Noções do Grego Bíblico.
Abraços!
na Graça,
Jefferson
Nenhum comentário:
Postar um comentário